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Revista EngWhere: A História da Engnharia no Brasil
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ORÇAMENTOS, PLANEJAMENTOS E CANTEIROS DE OBRAS
  Revista EngWhere  
    Ano 05 .  nº 47 .  01/01/2006
O EngWhere deseja-lhe, e aos seus, um Ano-Novo repleto de orçamentos bem-sucedidos!
Nesta Edição
Empresas de Engenharia: Os Males e as Dificuldades
Marketing Empresarial: O Buraco é Mais em Cima
Economia: A Vida Após o "Caixa 2"
  História da Engenharia . ENSAIO

Os 7 Maiores Males das Empresas de Engenharia

De todos os males que afligem a Engenharia e suas empresas, pode-se afirmar sem medo de errar que a bajulação é o cancro mais pernicioso. Dispensamo-nos de uma enquête ampla ou uma custosa pesquisa para confirmação disto, pela certeza que a puxachão-de-saco é, disparada, unanimidade nacional.
A Revista EngWhere, baseada em algumas centenas de empresas de seu relacionamento, e em particular em uma meia-dúzia em que não é benquista, carinhosamente (para quem gosta) oferece ao seu leitor estes raios-X completos e figadais.
Na verdade a maioria das falhas observadas é muito mais das pessoas que dos processos ou das máquinas, e a vaidade desbragada, a ambição sem limites e a burrice crônica são as grandes culpadas. Por isso não seremos nós que iremos propor soluções definitivas, e radicais, ou querer corrigir o que 2.000 anos não conseguiram ainda. Em melhores palavras, e segundo Oswald de Andrade, "os erros que deveriam representar uma contribuição milionária”, não estão contribuindo bulhufas para que aprendamos com eles.
A recessão e a escassez de empregos contribuíram para que as coisas chegassem a este ponto, mas seus males foram mais danosos ao profissional que o próprio desemprego ou a quebradeira de sempre.

1. Os Puxa-Sacos
Chegaram ao descaramento máximo e a puxachão substitui o conhecimento e a competência quando a tarefa é galgar altos escalões.
Sob os títulos de “bem-mandados”, “inteligências emocionais” os puxa-sacos estão aniquilando a convivência e o relacionamento no trabalho e transformando o ambiente por saudável por natureza em insuportável.
A produção, o trabalho, a obra, a Engenharia, vão perdendo o significado e o foco, e tudo se resume à satisfação do chefe gostosão e insaciável.

2. A Burocracia
As duas últimas edições da pesquisa Fazendo Negócios, do Banco Mundial, situaram o Brasil entre os mais burocráticos do planeta. Como as empresas de engenharia (repletas de engenheiros metidos a administradores) são as mais burocratizadas do país, superando a própria máquina estatal, dá para se ter uma idéia do tamanho da coisa.
Embora nestes casos entrar em detalhes seja perda de tempo pois os fatos são inacreditáveis relacionamos alguns fatores relevantes para o devastador entrave:
a) As decisões que envolvem gastos, por menores que sejam, estão todas a cargo do dono da empresa cuja filosofia mais profunda é: “é proibido gastar!”, e nisto permanece irredutível, e cego.
b) As tarefas mais simples são truncadas e incumbidas a diversos profissionais de forma que um único indivíduo nunca se sobressaia realizando-as por completo, com o único intuito de supervalorizar o trabalho do coordenador.

3. A Desinformação.
Assuntos importantes, e chaves à produção, são guardados em sigilo para dar status a quem detém o “segredo”. Nada é feito sem que o detentor do "mistério", na hora que lhe é certa, perto das pessoas certas, abra o jogo e se passe como o dono da verdade e do saber.

3. De Volta para o Futuro
O futuro chegou e trouxe o celular, para tagarelar, o viva-voz, para fazer barulho, a câmara digital, para substituir relatórios escritos, o notebook, para se passar por acompanhamento de obra, o computador, para ser configurado, os programas de computadores, para serem criticados, o e-mail, para justificar a falta da redação, ou seja, tudo que atrapalha, distrai e evita o trabalho. O engenheiro, com o lombo carregado de traquitanas, está parecendo mais um robocop estragado e repetitivo.

4. A Seriedade em Baixa
A falta de confiança nos orçamentos, feitos sabe-se lá como, está transformando as concorrências em pescaria. Não é raro ver preços 3 ou 4 vezes superiores ao do primeiro colocado, que quase sempre deixa a impressão de ter errado nas contas.
O planejamento deixou de existir e não se sabe mais como é feito. O controle de obra, uma brincadeira do curso primário. A redação, que nunca foi boa, tornou-se desnecessária por falta de tempo. A boa-educação passa-se como coisa de fresco.

5. A Ética em Falta
Salários insuficientes, alta carga horária e profissional comendo profissional pela perna para se sobressair. E se sobressaindo.
Com o coleguismo, a união e o respeito entre profissionais devagar, quase parando, o profissional-liberal cedeu o lugar ao assalariado em busca da promoção a qualquer custo.

6. O Medo
Inovar, criar, correr riscos e investir são assuntos proibidos. Para se ganhar mercado a única política é a do preço baixo através da economia constante e desmesurada.
Como o sucesso inexiste sem risco e se confunde com ele, o nó-cego bem-humorado, por demonstrar falsa coragem, se transforma no herói da vez.

7. A Lei das Selvas
Curtas e grossas, as palavras de ordem, beirando a picaretagem, são, de um lado, "ecomizar" e, do outro, “defender o meu”. E la nave và.

  Ênio Padilha . MARKETING EMPRESARIAL

O Buraco é Mais em Cima

Ênio Padilha
Engenheiro, escritor e palestrante.
Formado pela UFSC, em 1986, especializou-se em Marketing Empresarial na UFPR, em 1996/97.
Escreve regularmente e seus artigos são publicados, todas as semanas, em diversos jornais do país.
eniopadilha@uol.com.br

Há muito tempo que essa constatação me incomoda. Na verdade, quem leu meu primeiro livro (Marketing para Engenharia, Arquitetura e Agronomia) deve ter visto, já na primeira edição de 1998, no último capítulo, algo a respeito. O assunto foi abordado em todas as edições seguintes e na última (a quinta) de forma bastante explícita.
Tem alguma coisa errada com essa afirmação de que o marketing é uma coisa capaz de solucionar os problemas mercadológicos dos engenheiros e arquitetos. O marketing não tem essa capacidade porque ele não consegue se aplicar a empresas sem que haja uma base na qual ele possa se sustentar. Essa base se chama Administração.

Então o problema (ou a solução) não está no marketing. Está um pouco mais acima: na administração.

As empresas de Engenharia, de Arquitetura e de Agronomia são mal administradas. Os profissionais desconhecem aspectos primários das Teorias de Administração e das Teorias Organizacionais. Desconhecem Marx, Webber, Taylor, Fayol, Elton Mayo e as coisas que decorrem do que esses pensadores estudaram. Com isso, estamos administrando nossas empresas na base do chute. Com práticas gerenciais tiradas do senso comum, muitas vezes sem nenhum fundamento (o que explica os fracassos empresariais tão comuns).

Não deixa de ser irônico o fato de que Taylor e Fayol, eram engenheiros e que a Administração, enquanto ciência aplicada, tenha nascido da engenharia. Os criadores abandonaram a própria criatura. As escolas de engenharia, de uma maneira geral, nunca deram suficiente atenção aos aspectos técnicos da administração empresarial nas atividades profissionais, por mais evidente que se torne a cada dia o fato de que as habilidades de relacionamento social são mais relevantes (determinantes) para o sucesso profissional do que as habilidades e conhecimentos técnicos (que são fatores mínimos obrigatórios e, portanto, commodities).

A maioria dos cursos de Engenharia, de Arquitetura e de Agronomia ainda jogam todas as fichas na capacitação técnica dos seus alunos. E eu não sou totalmente contrário a isso. Acho até que faz sentido. Afinal o curso é de Engenharia (ou Arquitetura ou Agronomia) e não de Administração. É razoável que o ensino se concentre em temas que digam respeito à Engenharia propriamente dita, ou seja, as questões técnicas, científicas e tecnológicas.

O erro, na minha opinião está na visão de mundo que é transmitida pelas escolas aos seus alunos. Eles passam cinco anos recebendo, de forma objetiva ou subliminar, a informação de que o conhecimento das técnicas é condição necessária e suficiente para o sucesso profissional. Aí é que está o erro! O conhecimento da técnica (ser um bom engenheiro, arquiteto ou agrônomo, do ponto de vista técnico) é sim, condição necessária. Porém, não é condição suficiente. Longe disso. A história da Engenharia no Brasil está cheia de exemplos que demonstram isso. O mais eloqüente talvez seja o do engenheiro Emílio Baumgart, um gênio da Engenharia, considerado o pai do concreto armado no Brasil e que foi, entre 1920 e 1940, um dos maiores nomes do cálculo estrutural no mundo. Mas apesar dessa qualidade técnica inquestionável, a empresa que ele fundou logo depois de se formar faliu em menos de dois anos.

O erro não está em não ensinar Administração aos estudantes de Engenharia. O erro está em não ensinar a eles que saber administrar é um pouco mais do que fundamental: é fator determinante do sucesso.

Os estudantes de Engenharia chegam à Universidade com pouca ou nenhuma disposição/paciência para qualquer disciplina que não seja matemática, física, química ou matérias de aplicação tecnológica. Eles precisam ser estimulados para dar atenção a esses assuntos. É função dos professores (ou antes, dos coordenadores dos cursos) fazê-los ver que conhecer história econômica, português, fundamentos de administração e contabilidade, noções gerais de direito e de economia não são apenas “perfumarias” do curso. São, antes, questões de vida ou morte (empresarialmente falando).

Os diretores, coordenadores e professores dos cursos de Engenharia e Arquitetura precisam se dar conta de que não estão formando apenas engenheiros ou arquitetos. Estão formando pessoas que precisam estar aptas para realizar seus sonhos de progresso e felicidade. E este objetivo está muito além da Matemática, da Física e das disciplinas técnicas.

Leia outros artigos no site do Especialista: http://www.eniopadilha.com.br

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A Vida Após o "Caixa 2"

Adilson Luiz Gonçalves

Engenheiro, Professor Universitário e Articulista.
algbr@ig.com.br

A história mostra que a corrupção é irmã gêmea da sonegação, e ambas são filhas do casamento do mau-caráter com a burocracia. Isso quer dizer que, se estivéssemos sob um regime fundamentalista islâmico, a maioria de nossos políticos e empresários se cumprimentaria com um singelo: "Olá!", impossibilitados, que estariam, de apertar as mãos... E há quem diga que isso é uma "tradição" brasileira...

Mas, no caso específico da sonegação, há os que a praticam "por esporte", com apoio especializado; enquanto outros o fazem como recurso extremo para sobreviver, ou subsistir, num mercado assolado por uma carga tributária escorchante e uma burocracia labiríntica. Não é à toa que o universo político-empresarial é recheado de "facilitadores", "despachantes" e "lobistas". Afinal, tudo o que é excessivamente complexo, desnecessariamente burocrático e propositalmente misterioso se presta, com certeza, a manipulações.

"Mas os países desenvolvidos também têm tributações elevadas!". Sim, mas devolvem os impostos sob forma de serviços públicos de qualidade, e de apoio operacional e logístico aos empresários.

"O "Caixa 2" e a corrupção também existem entre os grandes!". Sem dúvida!

Outra coisa comum a todos os países é a forma de combatê-los: fiscalização! Mas quando ela falha: insuficiente, incompetente ou conivente; só os governos simplórios ou insensíveis optam, imediatamente, por onerar toda a sociedade, com novos impostos, taxas ou majoração de alíquotas dos existentes. Para aumentar a indignação dos que primam pela correção, ainda oferecem financiamentos públicos e anistias para os "espertos". Com isso, o empresário honesto tende à frustração: desiste de investir, demite ou apela para a ilegalidade. Para o elo mais fraco dessa corrente, o desempregado, sobra a informalidade, a contravenção, ou coisa pior...

Mas o que dizer quando o "Caixa 2", privado, financia o "Caixa 2", de partidos políticos? Ou quando qualquer "Caixa 2" compra o apoio de um parlamentar, uma licitação pública ou uma sentença judicial? O indivíduo que aceita isso terá isenção para legislar, governar ou julgar?

Aí, quando estoura um escândalo, e o descrédito na classe política atinge níveis estratosféricos, sempre volta o mesmo discurso: "É preciso reformar!".

A reforma política e o financiamento público de campanhas resolveriam isso? Eliminariam o "Caixa 2" de partidos políticos e empresas privadas? Talvez sim, talvez não...

A nova "Lei de Falências" deu um alento para a tentativa de recuperação de empresas, enquanto a MP 255 acena com algumas vantagens para os pequenos empresários. Mas é preciso muito mais que isso! Uma substancial redução da carga tributária não seria compensada por um aumento significativo da arrecadação? O mesmo não valeria para a flexibilização do crédito e a diminuição da taxa de juros?

Isso é bem viável, pois os governantes sabem que a maioria do povo brasileiro é honesta, e que grande parte dos que vivem na informalidade ou ilegalidade fiscal o fazem, circunstancialmente, para sobreviver na "Lei da Selva" da tributação, oficial; da corrupção, oficiosa; da disputa pelo poder, odiosa; e da falta de sensibilidade dos que exercem os três poderes!

Realmente, precisamos de reformas: A primeira delas, com certeza, de consciência, o que dispensa comissões e votações em plenário.

É certo que, infelizmente, não há inocência, nem no mercado, nem na política; pois, que haja, ao menos, um mínimo de honestidade, probidade e respeito à sociedade! Que essa seja a nova tradição!

Fones: (13) 32614929 / 97723538

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