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Artigos Técnicos de Engenharia: Orçamento de Obra e Cálculo do BDI. Revista Engwhere para Engenheiros
Revista EngWhere
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ORÇAMENTOS, PLANEJAMENTOS
E CANTEIROS DE OBRAS
Revista EngWhere
    Ano 05 .  nº 40 .  01/03/2005
Edição especial para lançamento do ENGWHERE BDI
O software que calcula e ensina o BDI

O BDI sem chutes: Redefinindo o BDI!
Marketing Empresarial: O Amor, A Loucura e Outros Sentimentos
Materiais de Construção: "São Beton"
Escreve o Leitor: A Aplicabilidade da Certificação pelas Normas ISO 9000
em Escritórios de Projetos de Construção Civil no Brasil

Comportamento: É Meu!
Ética e Educação : Qualidade de Empreendimento
Gestão Ambiental: Novas Ferramentas de Gestão

Não importa o tamanho da obra,
o EngWhere é sempre a melhor e a mais acessível solução!

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O software que calcula e ensina o BDI

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. Dispõe de relação completa das despesas indiretas e das taxas do BDI, com informações, índices e sugestões item a item;
. Permite adicionar e editar todos os lançamentos;
. Tem uma seção de consultoria com a descrição das taxas do BDI, leis trabalhistas, dimensionamentos de canteiros, convenções coletivas do trabalho e o texto modelo da Proposta Técnica;
. Exporta os relatórios para todos os programas do Windows;
. Foi desenvolvido em Visual Basic, para todos os Windows;
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  Orçamento de obra . O DI SEM CHUTES

Redefinindo o BDI, e chega de conversa fiada!

Falar sobre o significado da sigla BDI é muito difícil pois cada um diz uma coisa, e a última que queremos é criar polêmica.
Antigamente pensava-se que o BDI era a taxa de 10 a 25% que deveria incidir sobre o custo para se obter o preço de venda.

Até que se criou, um pouco mais tarde, a fórmula: Venda = Custo x BDI.
Mas foi esquecido que Custo = Custos Diretos + Custos Indiretos, e ainda: Custos Indiretos = Despesas Indiretas + Taxas que incidem sobre a somatória das Despesas Indiretas + Despesas Diretas.
Isto mesmo. E as tais taxas ainda incidem diferentemente sobre os custos e sobre o faturamento.
Para encurtar a conversa, a fórmula, da maneira acadêmica em que é atualmente apresentada, teria que ficar assim:
Venda = (Despesas Diretas + Despesas Indiretas) x Taxas, o que ainda não diz muito, ou melhor, as despesas indiretas incidem também sobre as diretas e, na verdade, ficaria até mais fácil definir despesas diretas como todas aquelas que não são indiretas, e, assim, voltamos ao ponto de partida. Cadê o BDI?

A maneira mais prática que encontramos para definir o BDI é a taxa que incide sobre as composições de preços, para se obter a planilha de venda. Assim:
Planilha de Venda = Planilha de Custo x BDI.

Partindo direto para a prática, apresentamos nossa receita:
Calcule as despesas indiretas quantificando as composições de preços. Reserve.
Como os engenheiros não devemos chutar, analise, dimensione e calcule as Despesas Indiretas. Reserve.
Calcule as Taxas do BDI (este rótulo é nosso) e, então, encontre o valor do BDI aplicando a seguinte fórmula:
BDI = ((Despesas Diretas + Despesas Indiretas) x Taxas do BDI / Despesas Diretas - 1), e ponto. O BDI estará no jeito para ser lançado sobre o custo da obra e definir a planilha de venda, que é o objetivo do Orçamentista.

Evidentemente que nem todos sabem como calcular as Taxas do BDI, estão orçando errado e... Outra coisa: como tudo que tem muitos donos, dono mesmo não tem bulhufas, resolvemos tomar posse da sigla. BDI, a partir desta Edição, terá outro e mais nobre significado: será nome de software. EngWhere BDI!

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  Ênio Padilha . MARKETING EMPRESARIAL

O Amor, A Loucura e Outros Sentimentos

Ênio Padilha
Engenheiro, escritor e palestrante.
Formado pela UFSC, em 1986, especializou-se em Marketing Empresarial na UFPR, em 1996/97.
Escreve regularmente e seus artigos são publicados, todas as semanas, em diversos jornais do país.
eniopadilha@uol.com.br

Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos e qualidades dos homens em um lugar da terra.
Quando o aborrecimento havia reclamado pela terceira vez, a loucura, como sempre tão louca, lhes propôs:
--- Vamos brincar de esconde-esconde?
A intriga levantou a sobrancelha, intrigada, e a curiosidade, sem poder conter-se, perguntou:
--- Esconde-esconde? Como é isso?
--- É um jogo, explicou a loucura, em que eu fecho os olhos e começo a contar de "um" a "um milhão" enquanto vocês se escondem e, quando eu tiver terminado de contar, o primeiro de vocês que eu encontrar ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O entusiasmo se encantou, seguido pela euforia. A alegria deu tantos saltos que acabou por convencer a dúvida e até mesmo a apatia, que nunca se interessava por nada. Mas nem todos quiseram participar: A verdade preferiu não esconder-se. "Para que, se no final todos me encontram?", pensou. A soberba opinou que era um jogo muito bobo (no fundo o que a incomodava era que a idéia não tivesse sido dela); e a covardia preferiu não arriscar-se.
--- Um, dois, três... começou a contar a loucura.
A primeira a esconder-se foi a pressa, que, como sempre, caiu atrás da primeira pedra do caminho. A subiu aos céus e a inveja se escondeu atrás da sombra do triunfo, que com seu próprio esforço tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta. A generosidade quase não consegue esconder-se, pois cada local que encontrava lhe parecia maravilhoso para seus amigos. Se era um lago cristalino, ideal para beleza. Se era a copa de uma árvore, perfeito para a timidez. Se era o vôo de uma borboleta, o melhor para a volúpia. Se era uma rajada de vento, magnífico para a liberdade. E assim, acabou escondendo-se em um raio de sol. O egoísmo, ao contrário, encontrou um local muito bom desde o início. Ventilado, cômodo, mas apenas para ele.
A mentira escondeu-se no fundo do oceano (mentira, na realidade, escondeu-se atrás do arco-íris) e a paixão e o desejo, no centro dos vulcões. O esquecimento, não me recordo onde se escondeu, mas isso não é o mais importante.
Quando a loucura já estava em 999.999, o amor ainda não havia encontrado um local para esconder-se, pois todos já estavam ocupados. Até que encontrou uma rosa e, carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas flores.
--- "Um milhão!" terminou de contar a loucura.
Começou a busca. A primeira a aparecer foi a pressa, apenas a três passos de uma pedra.
Depois escutou-se a discutindo com Deus. Sentiu-se vibrar a paixão e o desejo nos vulcões. Em um descuido, encontrou a inveja e, é claro, pode deduzir onde está o egoísmo, não teve nem que procurá-lo. Ele sozinho saiu em disparada de seu esconderijo, que, na realidade era um ninho de vespas. De tanto caminhar, a loucura sentiu sede e, ao aproximar-se de um lago, descobriu a beleza.
A dúvida foi mais fácil ainda, pois a encontrou sobre um muro.
E assim foi encontrando a todos: o talento entre as pedras mais lapidadas, a angústia em uma cova escura, a mentira atrás do arco-íris (mentira, ela estava ao lado do poder), e até o esquecimento, que já havia esquecido que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o amor não aparecia em nenhum local.
A loucura procurou atrás de cada árvore, em baixo de cada rocha. Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral, pegou um graveto e começou a mover os ramos, quando, no mesmo instante, escutou um doloroso grito.
Os espinhos tinham ferido o amor nos olhos.
A loucura não sabia o que fazer para desculpar-se. Chorou, rezou, implorou, pediu perdão e até prometeu ser seu guia para sempre.
Desde então, desde que, pela primeira vez se brincou de esconde-esconde na terra, o amor se tornou cego e a loucura sempre o acompanha.

Leia outros artigos no site do Especialista: http://www.eniopadilha.com.br

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O texto não é de minha autoria. Recebi (em 1998) de um amigo, via e-mail, sem indicação do autor. Eu apenas dei o título e fiz um ou outro ajuste na forma das frases. Se alguém souber o nome do autor, favor me contar, para que eu possa, com muito prazer, dar a ele (ou ela) os merecidos créditos.

  Coluna do Pimpão
Não tento dançar melhor do que ninguém. Tento apenas dançar melhor do que eu mesmo. - Baryshnikov
  • Perda do aço - I
    Aproveite o resultado dos ensaios do aço para calcular com exatidão a perda com o desbitolamento. Deverá girar em volta de 10%.
    Depois acrescente 5% devido as pontas e emendas.
    Os caranguejos e outros dispositivos de fixação eventuais não devem ser computados pois deveriam ser retirados das pontas.
  • Perda do aço - II
    O corte da ferragem, qualquer peão inteligente sabe, deve ser iniciado pelas peças mais longas para, só depois, serem cortadas as mais curtas.
   
 Agenda, Memos & CI's
Janela do Vaticano
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Espaço para mensagens relevantes
que no geral não são levadas a sério.

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  Coluna do Borduna
Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura, jamás. - Che

Qual é a Dúvida?
Não temos dúvida nenhuma. A causa dessa quebradeira que assola a Construção Civil não é falta de obras. Com a falta de obras as empresas apenas diminuem o ritmo até fecharem as portas. O que faz quebrar são os orçamentos chutados para baixo para poder ganhar obras cada vez mais escassas, e, principalmente, não saber calcular o DI.

Um Estadista na Fila do Ponto?
Estamos segurando as pontas. A Revista tem pretensões técnicas e didascálicas, mas está a ponto de soltar as frangas e dissertar também sobre História e Economia, só para falar do Luiz Inácio.
Desde 58 vimos nos habituando com cada um pior que o anterior. Passamos por Jânio - o mais louco. Por Figueiredo - o mais mal-educado. Por outros - que uma revista de moral como esta não pode nem citar, e até pelo Cardoso - Porque o Brasil vai bem? Logo poderemos tomar banho, logo teremos emprego, tudo vai muito bem! E quando pensávamos que as paredes do Planalto iriam ruir, aparece este boleeiro de Garanhuns - tinha que ser um peão - sonhando tanto ou mais que o JK de 46 anos atrás!

Alô pessoal das Comunicações. Acusamos o recebimento do DOC e agradecemos a colaboração.

  Geraldo Cogorno . MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

"São Beton"

Engº Geraldo Cogorno
Coordenador e Professor da Faculdade de Engenharia Civil de Ponta Porã,
nas disciplinas 'Materiais de Construção' e 'Construção Civil'.
Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie em 1977.
gcogorno@terra.com.br

Em certos casos, o nome mais apropriado é esse mesmo. Ou como preferem outros: “Nossa Senhora do Concreto Armado”.

Por que esse medo todo?

Simples: porque não se respeita a Norma, não se segue o que ela determina.

Bem sabemos que em muitos casos, o desleixo com o controle da qualidade do concreto e a pouca importância que é dada a esse item, pode provocar prejuízos materiais e até de vidas humanas.

Ao analisar a fundo o custo real de qualquer obra verifica-se que a estrutura de concreto armado não representa mais do que 12% das despesas totais. Então por que fazer economia nesse item?

E por incrível que possa parecer, a primeira providência que o proprietário de obra (via de regra) toma, ao iniciar uma obra, é o pagamento de todo o cimento que será utilizado nela. Ação desnecessária, se verificarmos que o custo do cimento representa apenas 3% a 5% do valor total da obra. Mas é o que freqüentemente ocorre. Porém esse interesse todo na compra, não se reflete na hora da utilização do cimento. Faz-se economia na hora do preparo do concreto estrutural. O que é um grande erro, pois a estrutura de uma construção está toda embasada na perfeita execução e na qualidade dos materiais utilizados na composição do concreto.

Outro item que não recebe a devida importância é a água. E como bem sabemos um dos quesitos principais na qualidade e resistência do concreto é o fator água-cimento – A/C. A água deve ser limpa e sem impurezas, tais como restos de limpeza de ferramentas, ou lavagem de mãos, etc.

O controle do fator A/C é fácil de ser executado através de um simples “teste de abatimento” (slump test), ou trocando em miúdos, verifica-se quanto o tronco de cone de um corpo de provas sofre abatimento, ou seja, quanto ele baixa em relação à sua altura inicial.

O traço (receita) a ser utilizado no concreto, deve ser definido pelo profissional responsável pela obra. Sempre respeitando os parâmetros estabelecidos pela Norma NBR6118 da ABNT. Esses traços terão suas composições diferenciadas para cada caso e local em que serão utilizados. P.ex.: o concreto de uma estaca tipo broca não é o mesmo de uma viga de laje.

A NBR6118 entrou em vigor com novas exigências, que evidentemente são para melhorar a qualidade das obras de concreto armado. Num primeiro momento elas chocam um pouco, pois as mudanças em alguns artigos foram substanciais e não serão de fácil aplicação. Principalmente a que se refere ao recobrimento das armaduras. Mas, se ela existe e é lei, deve-se cumprí-la.

Aí sim, São Beton ficará com menos trabalho e responsabilidade.

*Beton: concreto em francês. Originou o nome "betoneira"

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  Silvia Poletti Camargo . ESCREVE O LEITOR
A Aplicabilidade da Certificação pelas Normas ISO 9000 em Escritórios de Projetos de Construção Civil no Brasil

Engª Silvia Poletti Camargo

Mestranda em Habitação (Tecnologia em Construção de edifícios) IPT.
             Engenheira Civil - ITACON Engenharia e Construções Ltda.
silviapoletti@ig.com.br

Por ter uma visão generalista, a ISO 9000 é aplicável em empresas de vários setores da economia; no entanto, sua aplicação no setor da construção civil, principalmente em escritórios de projetos deve ser discutida quanto ao seu papel e adaptabilidade antes de sua efetiva aplicação.

Em virtude da importância representada pelo projeto na produção de edifícios, a certificação de sistemas de qualidade deve ser vista pelos escritórios, não apenas como forma de otimizar o processo, mas sim como um caminho para assegurar a qualidade do produto, que no caso, trata-se do próprio projeto, atendendo as exigências dos usuários e atuando como agente facilitador aos fornecedores.

As empresas atuantes desse segmento, não devem buscar a certificação ISO 9000 objetivando tão somente a racionalização dos prazos e custos no processo, ou visando melhoria apenas sob as características do mercado (status). Faz-se necessária à otimização do processo, objetivando-se a
qualificação do produto (projeto), e como conseqüência, da execução da obra, uso, manutenção e satisfação das necessidades dos usuários.

Para garantir melhor qualidade no projeto e satisfação ao usuário, tanto quanto ao desempenho, preço, prazo de entrega, assistência técnica e demais atividades, deve-se unir as relações entre o planejamento, o projeto e sua execução, estreitando as relações das empresas com fabricantes e
distribuidores de materiais.

Outrossim, deve-se deixar de ter como principal objetivo à racionalização e qualidade no processo e se permitir ocupar um maior tempo neste quesito, visando uma real qualificação no projeto e conseqüentemente otimização na execução e fornecimento de materiais e serviços.

As melhorias decorrentes da certificação ISO 9000 na busca pela racionalização dos processos de elaboração de projetos são válidas, desde que, esta não seja vista como único objetivo, e sim como um passo para a obtenção de uma real qualificação ao produto, independente das exigências da
norma.

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  Adilson Luiz Gonçalves . COMPORTAMENTO
É Meu!
Adilson Luiz Gonçalves
Engenheiro, Professor Universitário e Articulista.
algbr@ig.com.br

Tem gente, que tudo o que consegue na vida é porque herdou ou alguém indicou, facilitou ou pagou. Deveriam agradecer a Deus, embora, às vezes, essas facilidades os obriguem a acender velas para outras "divindades" e beijar mãos nem sempre limpas; mas, em vez disso, querem mais... mais... e mais!

"- O meu é meu, mas eu também quero o teu!" - Deve ser a mensagem subliminar que transita em seus cérebros. Além dessa, também existem as da neurolingüística de conveniência, tais como: "Eu tenho porque mereço!"; "Eu estou onde estou porque sou competente!"; "Quem pode, pode!"; "Eu sou esperto e inteligente!"... Mas nunca ocorre a principal: "- Onde eu estaria por meus próprios pés?".

Para piorar, muitos precisam do apoio de quem tem méritos - mas não tem as mesmas facilidades - para ajudar a reforçar seus pés de barro; mas nem sempre isso implica em humildade e reconhecimento. Não raro, acreditam que estão prestando um favor, em vez de recebendo... Chega a ser hilário vê-los desprezar o trabalho dos outros, em nome de um único detalhe ou de uma vírgula, que conseguiram identificar. Não saberiam fazer nada sozinhos, mas seu "retoque" lhes garante o "troféu"! São implacáveis para julgar, mas auto-indulgentes na hora de serem julgados. É como se o mais importante do bolo fosse a cereja... Na hora da verdade, sua "competência" tem que ser avalizada por um parente ou padrinho influente...

Num jogo honesto não pode haver cartas marcadas ou na manga! Curiosamente, quem vive disso é quem mais duvida de processos honestos...

Obviamente isso gera uma forma distorcida de encarar a vida; tanto que quando alguém consegue algo por mérito, em condições de igualdade, eles estranham, esperneiam e exigem igualdade, não de obrigações, mas de "direitos"!

Nessa hora - e só nessa hora - passam a ser defensores incontestes dos direitos iguais para todos e da igualdade dos seres humanos!

"- O que você tem que eu não tenho?" - É a pergunta emblemática. Só que não estão dispostos a ouvir a resposta, nem, ao menos, usar de suas faculdades mentais para chegar a uma conclusão sincera e racional. Preferem criar um constrangimento para o interlocutor, caso este resolva enumerar os motivos: "- Metido!"; ou confirmar sua fantasia, caso ele evite cair no ardil.

Não basta terem seus caminhos facilitados... Precisam acreditar que isto não fez a menor diferença! Que chegariam ao mesmo lugar sozinhos! Será?

Numa sociedade injusta é certo que as oportunidades são desiguais. É assim, aliás, que as classes dominantes se mantêm, qualquer que seja o regime de governo. Nela, as raríssimas oportunidades em que o mérito predomina, ocorrem por distração, desinteresse ou falta de subterfúgios.

Quem vive dos benefícios dessa "regra" já está habituado a não ter escrúpulos.

Que, ao menos, tenha um mínimo de "semancol"!


Fones: (13) 32614929 / 97723538

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  Paulo Sertek . ÉTICA E EDUCAÇÃO

Qualidade de Empreendimento (1)
Virtude da Fortaleza

Engº Paulo Sertek
Mestre em Tecnologia e Desenvolvimento
Engenheiro Mecânico e Professor de Cursos de Pós-Graduação em Ética nas Organizações e Liderança
Pesquisador em Gestão de Mudanças e Comportamento Ético nas Organizações
Assessor empresarial para desenvolvimento organizacional
psertek@xmail.com.br

As virtudes fundamentais que determinam a qualidade de ação são em ordem de importância: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança *. Cada uma delas como sendo respectivamente: qualidade de decisão, qualidade de relacionamento, qualidade de empreendimento e qualidade emocional. As decisões tomadas devem estar informadas pelo sentido de justiça; dar a cada um o que lhe é devido. Para a execução do que se decide é preciso uma qualidade especial da vontade em regular os movimentos do apetite irascível, aquele que é responsável pelos impulsos sensíveis: enfrentar/fugir. Diante do bem difícil de se conseguir ou dos males difíceis de evitar torna-se necessário um processo de melhoria pessoal contínua de tal maneira que os movimentos emotivos sejam racionalizados.
Quando se diz, “racionalizar” uma determinada reação sensível, significa seguir o que indica a prudência (juízo prudencial); estimular o impulso (considerado como bem), refreá-lo (considerado como mal) ou desviá-lo obtendo assim ações de qualidade. O juízo sobre a bondade ou conveniência de uma ação deve ser dado pela inteligência, porém os sentimentos podem não corresponder ao que se pretende, e exercer um influxo negativo na decisão e na execução.
Constata-se que as ações de qualidade estão num ponto mais esforçado, num justo meio, correspondendo a um cume entre dois extremos viciosos. Necessariamente a virtude exigirá esforço pessoal, daí a necessidade de possuir o hábito de vencimento de tendências que afastam das ações valiosas. Convém relembrar que a lei do mínimo esforço, a lei do gosto e a de levar vantagem obstaculizam a prática das virtudes.
Os objetivos de valor não se atingem a base de improvisação, exigem dedicação e empenho. Nada se consegue implementar sem quatro condições de hábito da vontade:

Decisão - Dedicação - Disciplina - Determinação

“A experiência normal do que empreende algo é que só se avança entre obstáculos. Desde a ótica usual de um empresário, os objetivos se alcançam somente entre contínuas dificuldades. Muitos estarão de acordo com esta lista: concorrência nacional e estrangeira, intervencionismo estatal, exigências sindicais, insolvência de distribuidores e clientes, preço do dinheiro, arbitrariedades municipais, falta de rendimento dos empregados, urgência do futuro para a contínua renovação. [...] A fortaleza ou firmeza é a virtude que facilita resolver as questões difíceis e permite estar no que há que estar para empregar os meios adequados à finalidade: a resolução da dificuldade”(2).
Os empreendimentos não se resolvem a base de tiro e queda. De acordo com a experiência é muito raro atingir resultados à base de sorte. Não se queimam etapas, há tempo de planejar, tempo de decidir, tempo de executar, tempo de esperar os resultados, etc. A maior parte dos projetos exige o cuidado e dedicação a inúmeras etapas pequenas. A verdade é que há tendência a pular etapas. Há o desejo de que as coisas dêem certo da primeira vez, mas isto não ocorre. Já afirmava Tomás Edison: 1% de genialidade, mas 99% de transpiração. É normal ter que tentar várias vezes antes de dar certo o que se pretende. O aprendizado é um contínuo começar e recomeçar.
Empreender um ideal exige virtude, mas sustentar um ideal exige muito mais virtude. A vida mostra que chegar as últimas pedras de um edifício é o que mais custa. Começar é ter meio caminho andado, mas somente ao terminar o que se empreende é que se verifica a qualidade de um ideal e a qualidade da pessoa. Habituar-se a ir até o final dos projetos de valor forja o caráter.
Por vezes há fibra para sustentar muitas batalhas em campos específicos do trabalho, no entanto, se vê que em muitos outros campos desiste-se. Não se chega ao que foi planejado, por falta de acabamento. Talvez o diagnóstico possa ser feito da seguinte forma: faz-se grandes esforços pela pressão do imediato. Há uma tendência a adiar as coisas. Chega um momento em que é preciso cumprir o dever; e aí, pressionados, quer pelos prazos ou pelo medo de ficar mal diante dos outros, acaba-se cumprindo de forma atropelada.
Aparecem forças na vontade por causas extrínsecas. Ocorre com muita freqüência que há esforço quando as coisas tornam-se importantes e urgentes, mas desleixam-se aquelas igualmente importantes, que ainda não são urgentes. Falta disciplina da vontade.
A lei do gosto tem sua parcela de influência neste processo de atuação por estímulos externos. Faz-se as coisas quando já não há mais remédio que fazê-las. Em geral as pessoas demoram-se nas coisas que gostam de fazer, mas assim que topam o trabalho difícil, a meta árdua, aparece a pressa. A pressa é inimiga da perfeição. Faz-se algo com pressa para livrar-se quanto antes das coisas que custam. Há uma influência imediata do hábito de vencimento pessoal na qualidade das coisas que se fazem. A qualidade no fazer é o resultado de um esforço continuado de qualidade no agir.
Também parece um contra-senso: a atitude do tudo ou nada. Ser capaz de fazer grandes esforços de uma vez, mas incapaz de sustentar um pequeno esforço durante um tempo longo. Falta a paciência, não se está disposto a ser paciente, perseverante, constante, etc. Sofre-se de impaciência. A própria palavra revela o defeito: não se sabe sofrer com bom ânimo as dificuldades provenientes da continuidade da ação, pelo cansaço, rotina, etc.
As pessoas empreendedoras atraem os bons profissionais. Que seria dos projetos se o ambiente de trabalho houvesse passividade e falta de iniciativa. As pessoas próativas que buscam os objetivos comuns e maiores da empresa criam um bom ambiente à sua volta. Afirma ROJAS: “A motivação e o entusiasmo constituem uma das duas margens da vontade, a outra é a ordem e a constância. A vontade melhor disposta é a mais motivada. A pessoa motivada vê a meta como algo grande e positivo que pode conseguir; pois desde a indiferença não se pode cultivar a vontade. O entusiasmo, como a esperança, é o último que se perde. O homem entusiasmado, que sabe o que quer e a onde vai, está sempre em vigília e dificilmente se desmorona. Inclusive nos piores momentos, há um rescaldo de esperança por debaixo das cinzas. Aí se apóia a capacidade de voltar a começar, que torna grande a pessoa e a enrijece”(3).
O que mais faz desprender da potencialidade humana a riqueza da ação é o amor. Desprende da alma forças criadoras a partir do desejo das coisas boas, dos objetivos de qualidade. Contrariamente ao que alguns pensam o desejo do bem é mais forte que as que provem do egoísmo. A qualidade de empreendimento dirigido ao bem começa com firmeza e com o tempo vai solidificando-se mais.
As motivações fundadas na busca de si próprio acabam naufragando na perda de sentido, na experimentação da angústia e da tristeza. A tristeza é o estado de ânimo mais desfavorável para qualquer empreendimento.
Verifica-se essa qualidade, sobretudo diante das dificuldades, pois se trata de crescer diante delas e não desistir. "As contrariedades representam muitas vezes o álibi que nos aquieta a consciência. Pensamos: quando concebi aquele ideal, quando formulei aquele propósito, eram outras circunstâncias; agora, na situação em que me encontro, já não tenho condições de levá-lo a cabo"(4).
O ideal que deve mover as pessoas é o de ter um querer forte, determinado. Os benefícios da fortaleza fazem-se notar pelos seus resultados. Trata-se de atingir uma consistência tal que se saiba resistir às dificuldades e enfrentar com coragem as metas que se buscam.
Tomás de Aquino(5) ensina que a fortaleza faz-se presente em dois atos fundamentais: aggredi e sustinere, enfrentar-se com os perigos que possa comportar a realização do bem, e suportar as adversidades que sobrevenham por uma causa justa. No primeiro caso encontram seu campo de atuação a valentia e a audácia; no segundo, a paciência e a perseverança.
A fortaleza está em empreender e executar tarefas difíceis, ou ainda vencer as dificuldades que se apresentam no caminho que leva até os objetivos de qualidade. Trata-se de desenvolver a capacidade de superação do medo do fracasso. Sair de uma cômoda passividade e ir ao encontro das dificuldades tendo pensado antes os modos mais convenientes de vencer.
Para os empreendimentos de qualidade identificam-se os seguintes hábitos da vontade:
a) Acometer
· Decisão: para resolver executar prontamente o dever, custe o que custar.
· Coragem: para que cresçam os esforços proporcionalmente às dificuldades.
· Constância: para continuar o esforço até o fim, mesmo persistindo ou aumentando as dificuldades.
b) Sustentar
· Tolerar as dificuldades: para não cair no desânimo
· Resistir as dificuldades: para não sucumbir.
· Suportar a continuidade das dificuldades: para não afrouxar no esforço.
Parece útil esta distinção para estabelecer um processo de melhoria de qualidade nos nossos empreendimentos, contando com o desenvolvimento das virtudes·. BALMES em "O critério" trata de forma brilhante:
"Vontade firme, vontade enérgica, vontade impetuosa não são a mesma coisa. A primeira difere da segunda e ainda mais da terceira, que difere também das outras duas.
Todas três distintas, todas independentes, não é mesmo raro que estas vontades excluam-se. A impetuosidade é um acesso de paixão, uma convulsão da vontade, arrastada pela paixão. Um acesso momentâneo não constitui a energia; a energia supõe força com certa duração.
Na impetuosidade há explosão: dispara-se o tiro, mas o projétil cai a menos distância. Há igualmente explosão na energia, talvez com menos fracasso, mas o arremesso vai mais longe.
A firmeza não requer nem impetuosidade, nem energia, e algumas vezes as repele a ambas; todavia admite paixão, ou antes, exige-a geralmente, mas a paixão constante, fixa em sua direção, a paixão regular. A impetuosidade num momento ou destrói todos os obstáculos, ou se despedaça; a energia prolonga mais a luta, mas despedaça-se igualmente, depois de certos esforços. A firmeza se lhe é possível, desvia as dificuldades; senão, as evita ou as rodeia. Se por acaso as não pode evitar nem rodear, detém-se e espera. Não se creia, no entanto que, em certos casos, a firmeza não possa tornar-se energia ou impetuosidade. Depois de ter longo tempo contemporizado, acaba por se irritar. Uma resolução extrema é tanto mais formidável quanto mais de espaço tem sido premeditada. Os homens frios na aparência, mas em que arde comprimido um fogo interior, são terríveis quando chega o momento decisivo, quando dizem: "É agora!" É então que no objeto cravam a vista clamejante, e a ele lançam-se rápidos como um raio, certeiros como uma flecha" (6).
Esta força de vontade, digo eu, exige duas condições, ou antes, resulta da ação combinada de duas coisas: uma idéia e um sentimento: uma idéia clara, viva, fixa, poderosa, que absorve o entendimento, que o possui, que o penetra inteiramente; um sentimento forte, enérgico, senhor exclusivo do coração, e complemento subordinado à idéia. Se faltar uma destas condições, a vontade vacila.
Quando a idéia não é auxiliada pelo sentimento, a vontade é nula; também se o sentimento não se apóia sobre uma idéia, a vontade flutua, é inconstante. A idéia é a luz que indica o caminho; é o ponto luminoso que fascina e atrai; o sentimento é o impulso, a força que põe em movimento e lança a vontade.
Logo que a idéia carece de vivacidade, a atração diminui, a incerteza começa, a vontade fica suspensa; quando a idéia não é fixa, permanente, quando o ponto luminoso muda de lugar, a vontade flutua incerta; ofuscada ou substituída a idéia, a vontade muda de objetos, torna-se inconstante; e quando o sentimento não é suficientemente forte, quando não está na justa proporção com a idéia, o entendimento contempla a idéia com prazer, com amor, com entusiasmo talvez, mas a alma não ousa medir-se com ela e se acha inferior; não pode seu vôo elevar-se até lá; a vontade nada tenta ou desanima e cai à primeira tentativa"(7).

Referências bibliográficas
AQUINO, Tomás, Suma Teológica, tomoVIII, Madrid, BAC, 1956, q. 47 e ss.
BALMES, Jaime, O Critério- 1. ed., Ed. Logos, São Paulo -SP, 1957, p. 248
GOMEZ PEREZ, Rafael, Ética Empresarial: Teoria e Casos, 1. ed., Madrid-ES, Ed. Rialp, 1990, p. 84
LLANO CIFUENTES, Rafael , Fortaleza, 2. ed., Quadrante, São Paulo – SP, 1997
ROJAS, Enrique, Para educar a vontade, é preciso tornar atrativa a exigência, ACEPRENSA- Serv. Serviço 115/94
SERTEK, P. Desenvolvimento Organizacional e Comportamento Ético. Dissertação de Mestrado. CEFET/PR – PPGTE . 2002. disponível no endereço: http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2002/sertek.pdf

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(1) SERTEK, P. Desenvolvimento Organizacional e Comportamento Ético. Dissertação de Mestrado. CEFET/PR – PPGTE . 2002. disponível no endereço: http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2002/sertek.pdf
(*) Virtudes fundamentais, já enumeradas por Platão na República, é possível que seja proveniente de Pitágoras. Aprofundamento se encontra em PIEPER, Josef, em As virtudes Fundamentais.
(2) GOMEZ PEREZ, Rafael, Ética Empresarial: Teoria e Casos, 1. ed., Madrid-ES, Ed. Rialp, 1990, p. 84
(3) ROJAS, Enrique, Para educar a vontade, é preciso tornar atrativa a exigência, ACEPRENSA- Serv. Serviço 115/94
(4) LLANO CIFUENTES, Rafael , Fortaleza, 2. ed., Quadrante, São Paulo – SP, 1997, p. 39
(5) AQUINO, Tomás, Suma Teológica, tomoVIII, Madrid, BAC, 1956, q. 47 e ss.
(6) BALMES, Jaime, O Critério- 1. ed., Ed. Logos, São Paulo -SP, 1957, p. 248
(7) id., p 249

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  Vilmar Berna . MEIO AMBIENTE
Novas Ferramentas de Gestão

Jornalista Vilmar Berna
Ambientalista de renome internacional e único brasileiro homenageado pela ONU
com o Prêmio Global 500 Para o Meio Ambiente, no ano de 1999.
Fundador do Jornal do Meio Ambiente.
www.jornaldomeioambiente.com.br

"Acho que a gente aprendeu com este acidente que existe um potencial de ajuda enorme da sociedade civil, que não precisa ser solidária com as razões do acidente, esse é um problema da Companhia e ela é responsável, mas no sentido de contribuir para minimizar os efeitos do acidente sobre o meio ambiente. Esse trabalho da sociedade veio de forma espontânea, não organizada por nós, e certamente aprendemos bastante".
- Philippe Reichstul - Presidente da Petrobras, em entrevista ao Jornal do Meio Ambiente

Os dois acidentes com óleo derramado, este ano, estão obrigando empresas e governos a mudarem atitudes e comportamentos e, principalmente, a rever toda a forma como o meio ambiente e a sociedade foi tratada até aqui, em busca de novas ferramentas de gestão que garantam transparência e eficácia no trato ambiental.
Destaco aqui duas dessas novas ferramentas que tudo indica ganharão cada vez mais espaço e importância no processo de controle ambiental daqui para a frente.

Comissão de Controle Social – CCS
Pressionada pela opinião pública, pelas ONGs e pela determinação da alta direção da empresa, a Petrobras inovou com a assinatura de um pacto com a sociedade pelo meio ambiente em que, entre vários compromissos, assumiu a criação de Comissão de Controle Social integrada por ambientalistas e lideranças comunitárias, para acompanhar de forma independente o cumprimento das promessas da empresa.
Creio que esta experiência poderá se constituir num exemplo a ser seguido pelos outros setores da indústrias, especialmente o setor químico e nuclear. Claro que muito terá de ser aprendido de parte a parte. Não deverá haver lugar para radicalismos de qualquer natureza ou para aproveitar este espaço privilegiado para se colocar outras questões que não digam respeito ao meio ambiente. Mas ninguém nasce democrático. Este é um duro aprendizado conquistado nas lutas do dia-a-dia e a CCS terá de saber lidar com ambientalistas que querem tudo aqui e agora ou com empregados cujo vício corporativo os coloca em permanente atitude defensiva e reativa diante do novo.
Nos próximos meses diversas respostas terão de ser encontradas antes que esta nova ferramenta possa ser considerada como útil para ambos os lados. Como esta Comissão deve funcionar? Quais são as suas atribuições e objetivos? Quais são os instrumentos que dispõe para avaliar com isenção e independência os reais avanços da empresa? O fato de uma empresa adotar com sinceridade uma nova postura diante do meio ambiente não impedirá que, da noite para o dia, acidentes aconteçam. Então, como ficam as ONGs que integram estas Comissões que são internas? As ONGs não são a empresa, naturalmente, mas por estarem lá dentro, têm uma responsabilidade maior do que tinham antes e sem dúvida serão cobradas pela sociedade. E qual será o papel dessas ONGs parceiras? Irão ter suas imagens desgastadas com novos acidentes junto com a empresa que pretendem controlar?

Auditoria Ambiental Não-Governamental
Já houve uma primeira experiência desse tipo de auditoria no Brasil. Deu tão certo que foi reconhecido como uma das 16 "práticas bem sucedidas" selecionadas pelo governo brasileiro para apresentação no Habitat II, em Istambul, em 1996. Aconteceu no Paraná, onde as ONGs ambientalistas foram contratadas pelo Banco Mundial para o acompanhamento das obras de saneamento básico do PROSAM, na Região Metropolitana de Curitiba.
O sistema operacional é bastante simples e pode se constituir numa poderosa ferramenta auxiliar para o Ministério Público e outros órgãos públicos de controle ambiental e como forma de acompanhar termos de ajustes, mas também ao próprio Conselho de Acionistas da Empresa, como forma de avaliar de maneira independente sua administração.
O objetivo da auditoria ambiental não-governamental é acompanhar e avaliar a execução dos compromissos assumidos voluntariamente ou por força de ajustes de conduta e divulgar conjuntamente com a Empresa os resultados do Relatório Final da Auditoria. Para as empresas que não têm nada a esconder, essa divulgação conjunta com as ONGs pode ser um elemento primordial na reconstrução e resgate de suas imagens diante da opinião pública.
Geralmente um programa de ajustes ambientais é formado por inúmeros projetos em diferentes fases de execução. Por isso, uma auditoria ambiental não-governamental deve escolher de dois a três projetos a cada seis meses, selecionando a partir de alguns critérios básicos, como a cronologia e etapas dos projetos; maior impacto ambiental de obras previstas e/ou em execução e maior impacto social de obras previstas e/ou em execução.
Depois de selecionados os projetos, a coordenação da auditoria desenvolve, com apoio de todos os grupos interessados na questão, um check-list preliminar, que servirá como orientação para os auditores. Com base nesse check-list é definido o perfil dos profissionais que deverão executar o serviço.
Para cada um dos projetos é constituída uma equipe de auditoria, formada por um auditor, consultores e assistentes contratados pela Empresa com limites de horas e atribuições fixados previamente. Os procedimentos da equipe são orientados por um Manual de Auditoria que estabelece as normas a serem seguidas. O desenvolvimento das auditorias segue uma orientação multidisciplinar que exige permanente contato entre os auditores, as entidades do Conselho de Controle Social da Empresa e as organizações e movimentos populares da região.
Em cada projeto, a Auditoria deve ser desenvolvida em quatro etapas: pré-visitação, visitação, pós-visitação e acompanhamento. Após isso, os auditores apresentam os resultados da Auditoria à Comissão de Controle Social, que poderá solicitar complementação ou esclarecimento. Finalmente, é elaborado, distribuído e divulgado um resumo feito em linguagem clara e acessível para toda a comunidade interessada, a ser publicado, no mínimo, nas mídias segmentadas de meio ambiente no Brasil.

Extrato do livro O Cidadão de Sandálias do Autor .
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