Antes Canalha que Vencido?

O canalha quer ser aplaudido a qualquer custo

A frase “antes canalha que vencido” não é um lema, mas um sintoma. A sociedade que a tolera já escolheu sua própria sentença. É o triunfo da esperteza sobre a ética, da chantagem emocional sobre a verdade, do marketing sobre a decência. É o canto do cisne do humanismo, afogado em risos cínicos e brindes corporativos.

Canalhas não nasceram no poder — foram promovidos por covardes. Em toda cultura que prefere o espertalhão ao justo, o bajulador ao crítico, o traidor ao idealista, o canalha floresce como flor carnívora. Ele sente o medo no ar. E se prepara: passa gel no cabelo, limpa os dentes, alisa a gravata. Depois aperta o botão.

“O Canalha é o último a fugir. O primeiro a trair. E o único que sorri no incêndio.”

Pior: o Canalha sente-se injustiçado quando confrontado. Afinal, venceu. Teve êxito. Subiu. E agora, humilhado pelo próprio vazio, prefere destruir a ceder. Se não pode manter o trono, explode a sala. Se não pode controlar, cancela. Se não pode vencer, atira.

Eis o risco. A era do botão vermelho pertence aos consumados canalhas. Homens que chamam a destruição de honra e o fim do mundo de coerência. São eles que apertam o código. Não por coragem, mas por despeito.

É por isso que o canalha, no poder, é mais perigoso que o tirano. O tirano quer ser temido. O canalha quer ser aplaudido a qualquer custo. E se não for — que venham as bombas.

Canalhas Atômicos

Um idiota com poder pode tropeçar num botão nuclear. Um canalha com poder pode fazer disso uma escolha estratégica. Para ele, a lógica é simples: “Se não posso tudo, então nada mais vale”. O fim da linha, a falência da empatia, o apocalipse como birra.

E assim, o mundo dança no fio da navalha entre o ridículo e a ruína. Só nos resta decidir: queremos viver sob o império dos canalhas? Ou preferimos, com todos os riscos, enfrentá-los?

Porque, no final, não há neutralidade possível entre a covardia e a coragem. E toda sociedade que aceita um canalha como solução, logo descobrirá que ele era o problema.