O Horror do Genocídio

O horror do genocídio

O termo genocídio não é uma hipérbole. É uma categoria jurídica e histórica com definição precisa...

Gaza: entre a definição e a realidade

Exemplo real – A mochila rosa:
Em fevereiro de 2024, uma criança de 6 anos, chamada Hadeel al-Najjar, foi filmada por um drone israelense andando sozinha entre os escombros em Gaza City, portando uma mochila rosa. Ela gritava por ajuda, ferida, em meio aos corpos da sua família. Minutos depois, a mesma câmera aérea capturou sua morte por um segundo ataque.
A mochila rosa tornou-se símbolo da infância destruída.
Exemplo real – Hospital Al-Shifa:
O maior hospital de Gaza, foi invadido e parcialmente destruído em novembro de 2023. Médicos tentavam operar recém-nascidos em condições precárias, usando lanternas de celular. Incubadoras desligadas, falta de anestesia. Três bebês morreram sufocados naquela noite. A equipe médica implorava por retirada segura. Nenhum corredor humanitário foi aberto.

Exemplo real – A família Abu Daqqa:
Em Khan Younis, a casa da família Abu Daqqa foi bombardeada com 12 pessoas dentro. Sete eram crianças. Os corpos só foram retirados quatro dias depois, pois não havia maquinário. Uma vizinha relatou:<br>
“Eles não morreram dormindo. Morreram gritando. O pai foi encontrado abraçado a três filhos.”

Exemplo real – Escola da ONU que virou túmulo:
Em julho de 2024, um ataque aéreo destruiu parcialmente uma escola da UNRWA (ONU) em Nuseirat, onde cerca de 2.000 pessoas se abrigavam. Foram registrados 48 mortos, a maioria mulheres e crianças. Israel declarou depois que “combatentes estavam nas proximidades”. Nenhuma prova foi apresentada. Entre os corpos, havia uma criança com um caderno nas mãos, ainda com desenhos.
Exemplo real – Fome planejada: A menina que morreu ao tentar pegar farinha
Em março de 2025, Mariam, de 11 anos, tentou se aproximar de um comboio humanitário em Deir al-Balah. Levava uma sacola vazia e foi atingida por um tiro enquanto corria em direção a um caminhão de ajuda. Morreu segurando a sacola. A comida foi desviada por milicianos. O comboio não chegou ao destino. O nome dela nunca saiu no noticiário internacional.

Não é guerra, é genocídio

Não há simetria. Há um exército nuclearizado contra uma população civil sitiada...

O tribunal da história

A Corte Internacional de Justiça já classificou como “plausível” o risco de genocídio. Desde então, os mortos triplicaram.

Cúmplices de um Crime Planetário

Se genocídio é o ato, a cumplicidade é o ambiente que o permite. Não há genocídio sem cúmplices — silenciosos ou ativos, visíveis ou institucionais.

O canalha planetário veste terno, tem MBA e fala em democracia

O canalha contemporâneo opera de gravata. Ele sabe o que acontece. E sabe não saber demais. É a arte da ignorância estratégica.

As instituições que viraram cúmplices

O crime é planetário. A cumplicidade, também.

Vivemos um tempo em que genocidas têm porta-vozes, e os mortos têm apenas números. Os cúmplices, todos de mãos limpas.

UMA SURDEZ ANUNCIADA

Alertas de José Saramago (16/novembro/1922 –18/junho/2010)

Em Março de 2002, José Saramago, o Nobel de Literatura português, integrou uma delegação do Parlamento Internacional de Escritores que visitou a Palestina a convite de Mahmoud Darwish. Fez então há 23 anos, entre outras, as seguintes declarações:

• “Isto não é um conflito. Poderíamos chamá-lo conflito se se tratasse de dois países, com uma fronteira e dois estados, com um exército cada um. Aqui trata-se de uma coisa completamente distinta: Apartheid. Ruptura da estrutura social palestina pela impossibilidade de comunicação.”

• “Porque eu pensei que isto era possível; que um povo que tem sofrido deveria haver aprendido de seu próprio sofrimento. O que estão fazendo aqui é no mesmo espírito do que sofreram antes.”

• “Não é uma questão de mais vítimas ou menos vítimas; não é uma questão de mais trágico ou menos trágico: É o fato em si. Isto que está acontecendo em Israel contra os palestinos é um crime contra a humanidade.

Os palestinos são vítimas de crimes contra a humanidade cometidos pelo governo de Israel com o aplauso de seu povo.”

• “O que é preciso fazer é dar o alarme em todo o mundo para dizer que o que acontece na Palestina é um crime que podemos deter. Podemos compará-lo com o que aconteceu em Auschwitz. É a mesma coisa, embora mantenhamos na mente as diferenças de tempo e de lugar”.

• A discriminação do povo palestino é uma das mais ignóbeis formas de racismo dos nossos tempos. Enquanto houver um palestino vivo o holocausto continuará”

- Em entrevista na Argentina, em 2008

• “61 anos de ocupação (em 2008), abrangendo três gerações, mostram que esta é uma guerra que pretende não só ocupar os territórios como eliminar o povo palestino”. “Como é isto possível?”