Gastos Militares X Fome no Mundo

Em um mundo marcado por desigualdades gritantes, poucas comparações são tão reveladoras quanto a que envolve os gastos militares globais e o custo para erradicar a fome no planeta.

De acordo com estimativas atualizadas, os Estados Unidos destinam cerca de US$ 1 trilhão por ano ao setor militar, se considerarmos não apenas o orçamento direto do Departamento de Defesa, mas também despesas com segurança nacional, programas nucleares e apoio a veteranos.

Em escala global, os gastos militares somam aproximadamente US$ 2,7 trilhões por ano, segundo dados do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI). Este valor tem crescido continuamente, impulsionado por tensões geopolíticas, corrida armamentista e conflitos persistentes em várias regiões do planeta.

Em contrapartida, a Organização das Nações Unidas (ONU) e suas agências especializadas, como a FAO, estimam que seriam necessários cerca de US$ 50 bilhões por ano para garantir segurança alimentar básica a todas as pessoas no mundo. Isso inclui ações de emergência, investimentos em agricultura sustentável, redes logísticas e acesso universal a alimentos.

Prioridades em Disputa

A disparidade entre esses números expõe um dilema ético e político. Com menos de 2% do gasto militar anual do mundo, seria tecnicamente possível eliminar a fome global. No entanto, os recursos continuam sendo canalizados majoritariamente para setores bélicos, reforçando estruturas de poder e controle em vez de promover o bem-estar coletivo.

O combate à fome não é apenas uma questão moral. Ele contribui diretamente para a estabilidade social, redução de conflitos, prevenção de migrações forçadas e promoção do desenvolvimento sustentável. Ignorar essa realidade é perpetuar um ciclo de sofrimento que poderia ser interrompido com decisões políticas mais responsáveis e humanas.

Os números expressam com mais crueza a verdade.