Transmitido de algum lugar do deserto líbio, sob uma tenda imortal
Povo do mundo!
Povo da Líbia!
Homens e mulheres do deserto e das cidades envenenadas pelo ouro do Ocidente!
Eles me chamaram de tirano.
Sim! Tirano!
Porque não aceito que o petróleo da minha terra vá abastecer os tanques dos que nos bombardeiam.
Porque não me ajoelho diante de reis estrangeiros nem faço continência à bandeira do invasor.
Tirano, sim. Canalha, nunca!
Eles derrubaram meu governo dizendo lutar pela democracia.
Mas o que trouxeram foi o reino dos canalhas, das milícias, dos saqueadores e dos títeres.
Hoje a Líbia — minha Líbia — é governada por ninguém. Ou por todos, que é o mesmo que ser governada por bandidos.
Vocês querem saber o que é um tirano?
Um tirano não divide o povo em castas e partidos.
Um tirano não governa para agradar banqueiros nem embaixadores.
Um tirano ama seu povo mais que sua vida. E por isso, às vezes, manda prender, castigar, silenciar.
Porque sabe que o mal cresce como erva daninha se não for arrancado com as próprias mãos!
O canalha moderno veste terno. E fala em liberdade enquanto rouba o povo.
Nas democracias de hoje, milhares roubam ao mesmo tempo, e o Estado finge que não vê.
Chamam isso de sistema.
Chamam isso de justiça.
Eu chamo de canalhocracia.
No meu tempo:
Eu, Muammar al-Gaddafi, jamais curvei a cabeça a terroristas nem banqueiros.
Eles não queriam democracia — queriam nos saquear com o manto da liberdade.
Queriam que os filhos da Líbia servissem de servos às multinacionais, enquanto elegem e reelegem fantoches sorridentes.
A democracia que nos venderam é o governo dos canalhas para os canalhas, pelos canalhas.
Eles riem, fazem selfies, dizem “eu te amo” no Instagram enquanto afundam o país.
No meu governo, se houvesse um canalha roubando o pão do povo, ele não sairia da prisão com habeas corpus; sairia com os pés para a frente!
Sim, meus filhos. A tirania é dura, mas justa.
É o ferro que protege a tenda.
É o aço que sustenta a ponte.
É o silêncio que antecede o respeito.
Preferem o caos democrático ou a paz tirânica?
Preferem o Estado dos palhaços ou o governo de um só homem que não trai a própria terra?
Hoje, sem mim, a Líbia não tem rei, nem povo, nem bandeira que una.
Tem milicias financiadas por estrangeiros, tem petróleo saqueado e terroristas com passaporte diplomático.
E vos pergunto:
Quem foi mais justo: o tirano que manteve a casa de pé, ou os libertadores que a transformaram em ruínas?