Capítulo VII - Partido dos João-sem-Braço
Os Inimigos Ocultos da Esquerda

Os Inimigos Ocultos da Esquerda
"João-sem-Braço: o infiltrado mais eficiente da nova direita travestida de esquerda."

O novo partido da direita

No emaranhado dos posicionamentos políticos brasileiros — Esquerda, Direita, Centrão (este último frequentemente alçado ao poder com o dinheiro da elite e a serviço dela) — escondem-se figuras ainda mais traiçoeiras: os João-sem-Braço, seres politicamente ambíguos, mas sempre muito atentos aos próprios umbigos.

Esses personagens se dizem de esquerda, vestem a camisa da justiça social, discursam sobre os pobres e operários, mas seu verdadeiro projeto é um só: conquistar a Presidência para si. Custe o que custar. Mesmo que, para isso, seja necessário sabotar um milagre político chamado Lula da Silva — um líder improvável, sobrevivente da história, e praticamente imbatível nas urnas.

E falham. Mas não sem antes causar estragos:

Nas eleições passadas, alguns desses portais de esquerda deram mais voz ao João-sem-braço da vez do que ao próprio Lula. Resultado: o dito candidato "alternativo" perdeu feio e, como bom oportunista, rapidamente se bandeou para a direita, onde agora é recebido como “ex-esquerdista arrependido”.

No lugar dele, outro surgiu — desta vez um “representante dos operários” — e já começou sua campanha pessoal para 2026. Em cada entrevista, não perde a chance de plantar dúvidas sobre o governo que diz apoiar. Nos maiores portais progressistas da internet, posa de cientista político, sabe-tudo da conjuntura, mas o que realmente quer é uma coisa só: ser o próximo da fila, mesmo que precise desmoralizar o campo progressista para isso.

Esse é o Partido dos João-sem-Braço: inimigo da direita por conveniência, da esquerda por ciúme, e da verdade por reflexo condicionado.

Ainda sobre a imprensa: O Entrevistador do Futuro

Narciso, o entrevistador do futuro!
(ou: Brilhe, Narciso, brilhe!)

Tudo começou, dizem, com o Faustão. Mas o fenômeno, como convém às boas modas brasileiras, alastrou-se feito fogo em capinzal seco. Antes, porém, de nos embrenharmos no matagal dos modismos, falemos da verdadeira alma por trás das câmeras: a Vaidade Pessoal dos entrevistadores — seja de direita, de esquerda ou apenas do próprio umbigo.

Quando o programa recebe um convidado realmente interessante (leia-se: alguém que pensa), mobiliza-se nos bastidores uma tropa de elite — roteiristas, estagiários, IA, e talvez até uma cartomante — para formular perguntas à altura da celebridade. A primeira pergunta é feita, e a resposta, inevitavelmente inteligente, cintila no ar como uma estrela cadente. É aí que tudo desanda.

Tomado por um êxtase narcísico, o entrevistador se comove com sua própria performance. Interrompe o convidado sem dó nem cerimônia — talvez para mostrar que entendeu tudo (e mais um pouco), talvez para insinuar que a resposta brilhante, quem sabe, foi parida por ele mesmo, ali no calor do improviso.

O convidado mal consegue concluir uma ideia sem ser podado, glosado ou atropelado por um comentário espirituoso. E ao final da “entrevista”, não se sabe mais quem era o entrevistado e quem o ornamento. O brilho? Todo do apresentador. O conteúdo? Um eco vago. O tédio? Profundo.

E assim prenuncia-se o nosso glorioso e monocórdio Futuro: entrevistas sem entrevistados. O apresentador pergunta, responde, se emociona com a própria resposta, e, de quebra, se aplaude. O convidado, dispensado. O conteúdo, controlado. As despesas, reduzidas. E o ego? Ah, esse segue inflando, sereno e triunfante, como balão de festa no teto do estúdio.

Por fim, teremos enfim a utopia midiática: uma imprensa onde ninguém mais fala — exceto aquele que nunca escutou.