“Mentira tem perna curta, mas no WhatsApp ela anda de moto.”
As eleições brasileiras de 2018 não foram vencidas apenas nas urnas, mas em grupos de família, páginas anônimas, vídeos mal editados e correntes com erros de português. A desinformação assumiu papel de protagonista — e não por falta de aviso, mas por excesso de aceitação.
Foi o ano em que o Brasil descobriu que dados científicos, argumentos históricos e fatos documentados valem menos do que uma imagem borrada com um texto em caixa alta: “URGENTE!!! VEJA ANTES QUE APAGUEM!!!”
Se em 2014 a mentira era instrumento de guerra, em 2018 ela virou sistema de governo. E não uma mentira elaborada, retórica ou inteligente — mas um amontoado de besteiras gritadas com convicção suficiente para contaminar a mente coletiva.
A lógica foi simples: quanto mais absurda a notícia, maior a chance de compartilhamento. A indignação era o combustível e o ódio, o motor. O algoritmo aplaudiu. O eleitor acreditou. A democracia tossiu.
O fenômeno não foi exclusivo do Brasil, mas aqui encontrou terreno fértil: baixa escolaridade, ressentimento social, idolatria a figuras autoritárias e uma elite que se diz esclarecida, mas topa qualquer boato que sirva aos seus interesses.
Hoje, anos depois, ainda sentimos os efeitos daquele estouro de burrice digital. O estrago vai além das urnas: contaminou o debate, polarizou famílias, e instituiu o delírio como linguagem oficial.
O antídoto existe, mas é lento: educação, pensamento crítico e um certo asco por certezas fáceis. Enquanto isso não chega, seguimos vacinando contra fake news como quem tenta conter um incêndio com um copo d’água — e sem saber se é água mesmo.
Pergunta: Uma única mentira ou invencionice, entre as inúmeras contadas no Plenário do Congresso Nacional pela oposição, e seu desmentido pelos partidos do Governo, toma o tempo de 10 minutos, em média, da totalidade de deputados ou de senadores de cada casa. Seria possível saber o valor em reais de cada mentira que cada engraçadinho vomita?
Ainda que sem levar em conta o desgaste que um congresso sem seriedade causa ao País?
Resposta: Sim, é possível estimar — ainda que de forma aproximada — o custo financeiro de cada mentira proferida no Congresso Nacional, com base no tempo perdido e nos salários dos parlamentares. Vamos fazer uma conta simples:
🔢 Cálculo aproximado: quanto custa uma mentira no plenário
1. Suponha:
Uma mentira (de sua obrigatória resposta) ocupa 10 minutos de plenário.
Está presente um número médio de 513 deputados (ou 81 senadores, mas vamos calcular pelos deputados para maior impacto).
Cada deputado ganha cerca de R$ 44.000,00 mensais (salário bruto, sem contar verbas extras), ou R$ 2.000,00 por dia útil (considerando ~22 dias úteis por mês).
💸 Custo em tempo parlamentar = 10 minutos = 1/48 de um dia útil.
Valor em reais do tempo de 1 deputado durante 10 minutos: > R$ 2.000,00 ÷ 48 = R$ 41,67
Multiplicando pelos 513 deputados: > R$ 41,67 × 513 = R$ 21.388,71
📉 Resultado estimado:
Cada mentira contada no plenário custa aproximadamente R$ 21.388,71 só em tempo parlamentar.
⚠️ E isso é só o começo...
Esse valor não inclui:
Os salários dos assessores e funcionários administrativos que também perdem tempo;
Os custos indiretos (energia elétrica, segurança, manutenção, transmissão ao vivo etc.);
O impacto político e social da desinformação deliberada;
O desgaste institucional, a erosão da confiança pública e a paralisia de pautas urgentes.
E ainda, despesas com ajuda de custo, auxílio financeiro, planos de saúde, ressarcimento de gastos com passagens aéreas, hospedagem, combustível, auxílio-moradia, aposentadoria proporcional, etc.
📘 Observação final: Se quisermos ironizar com dados reais:
Cada gracinha mentirosa proferida por um parlamentar de oposição nos custa mais de R$ 21 mil, fora os danos morais ao país.
Se considerarmos os extras e as despesas com assessores o custo irá quadruplicar, ou seja, cada inocente mentira parlamentar custa o equivalente a 60 salários mínimos.
Fica barato mentir no Brasil. Caro é ouvir."