“Classificar canalhas é tarefa ingrata. Eles nunca cabem em uma só gaveta — e adoram esvaziar o armário dos outros.”
Este capítulo é uma tentativa precária, porém necessária, de mapear os tipos de canalhas que circulam livremente no Planeta Morte. Muitos deles compartilham as mesmas crenças, odeiam em bloco, mentem em cadeia e aplaudem a própria ignorância como quem celebra formatura.
A seguir, uma tipologia básica dos canalhas (ou inconsequentes em saúde), com suas práticas favoritas e uma estimativa populacional aproximada — cruzamento imaginário de IBGE com CPI da vergonha alheia:
IGNORÂNCIA
Falta de conhecimento, negacionismo, desinformação e resistência à razão.
Negacionismo científico: 22% – tomam cloroquina e acreditam que a Terra é flat, vacina é conspiração e Deus opera via Bluetooth.
Ódio ao saber: 19% – confundem intelectual com inimigo.
Revisionismo histórico: 12% – acreditam que o golpe foi movimento cívico e que a escravidão foi “invenção da esquerda”.
Etarismo: 10% – ignoram os velhos e temem se tornar um.
Capacitismo: 8% – fingem inclusão só até a foto oficial.
AUTORITARISMO
Ódio à democracia, culto à força, repressão travestida de ordem.
Desprezo à democracia: 16% – clamam por ditadura em nome da liberdade.
Idolatria a figuras autoritárias: 23% – gritam "mito" enquanto limpam botas imaginárias.
Censura disfarçada de liberdade de expressão: 11% – defendem a liberdade de dizer qualquer coisa, desde que concordem com tudo.
PRECONCEITO
Aversão e discriminação contra grupos sociais, culturais ou físicos
Machismo: 30% – o mais democrático dos preconceitos, com membros de todas as classes.
Racismo: 15% – ainda dizem "tenho até amigos que são".
Homofobia: 18% – acham que amor alheio é problema pessoal.
Transfobia: 14% – negam identidade dos outros enquanto não conhecem nem a própria.
Gordofobia: 12% – escondem o preconceito atrás de "preocupação com a saúde".
Xenofobia: 10% – confundem sotaque com ameaça.
Islamofobia: 6% – confundem religião com terrorismo entre uma fake news e outra.
Antissemitismo: 5% – culpam judeus por tudo, menos pelo sucesso alheio.
Classismo: 25% – odeiam pobre até quando o pobre é parente.
Aporofobia: 18% – não odeiam o pobre, só não querem ver, cheirar ou cruzar com ele.
Elitismo: 20% – confundem herança com mérito.
AUTOENGANO
Disfarces morais, racionalizações, hipocrisia e incoerência interna.
Estupidez (à la Cipolla): 30% – causam danos a todos, inclusive a si mesmos, e se acham os únicos lúcidos da família — e do grupo de WhatsApp.
Aversão ao trabalho: 14% – trabalham muito… para não trabalhar.
SAÚDE
MENTAL, COGNITIVA E COMPORTAMENTAL - que influenciam comportamento político, voto e adesão a fake news.
Transtorno de personalidade paranoica: 4% – veem conspiração em podcast e microchip em vacina (influência direta sobre fake news e voto por medo)
Transtorno narcisista: 1% – identificam-se com líderes que reforçam sua imagem grandiosa (influência na escolha de "mitos")
Dissonância cognitiva crônica: < 1% – dizem lutar por ética, mas votam em quem os representa emocionalmente (alto risco de autoengano político)
Anomia social: < 1% – sentem que a sociedade perdeu o rumo e buscam ordem a qualquer custo (votam em autoritários)
Fadiga política: < 1% – não aguentam mais política e votam por impulso ou se abstêm (manipuláveis por última impressão)
Vício em indignação: < 1% – dependentes de raiva constante, seguem quem causa escândalo (preferem os mais barulhentos)
Esses números somam bem mais de 100%, e não por erro de cálculo — mas porque canalhice é fenômeno interseccional. Um único sujeito pode facilmente marcar 5, 6, ou até bingo completo nessa lista.
Não é coincidência que metade da população vote como vota. O espelho moral da urna é cruel, mas justo. O Planeta Morte não precisa de meteoros, tem eleitorado — e um botão vermelho à mão.