A Teologia da Canalhice

"E Deus viu que era bom… mas o canalha achou que podia melhorar."

Desde que o primeiro canalha pegou uma pedra e matou o irmão — alegando obediência a uma voz divina — o céu nunca mais foi o mesmo. O canalha descobriu, muito antes da bomba atômica, que a arma mais poderosa do mundo era um Deus do seu lado.

Na história humana, as piores carnificinas, fogueiras e cruzadas não começaram com um grito, mas com uma reza. O canalha, inteligente, percebeu que nada convence melhor a multidão do que um mandamento com assinatura celeste. Assim, criou a Teologia da Canalhice: uma doutrina onde o bem é o que convém ao mais forte, e o pecado é desobedecer a ele.

Dogmas centrais da Teologia Canalha:

Ao longo dos séculos, essa teologia serviu a reis e banqueiros, conquistadores e patrões. Os escravos deveriam amar seus senhores. As mulheres deveriam se calar. Os pobres deveriam aceitar seu destino. E os canalhas… governar em nome do Senhor.

O canalha não acredita em Deus. Acredita em usar Deus. E usa com talento: no púlpito, na urna, no quartel e até na propaganda de margarina. Transforma fé em marketing, perdão em indulto, e inferno… no destino dos outros.

A Revelação Final

Se um profeta voltar e disser a verdade, será ignorado. Se um canalha disser que é o profeta, será eleito. Esta é a última revelação da Teologia Canalha:
Deus ajuda quem se ajuda — desde que saiba mentir bem.

"Em nome do Pai, do Filho e da Canalhice Institucionalizada, amém."