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As Veias Abertas da América Latina |
Resumo Crítico da Obra de Eduardo Galeano Textos Radicais e Libertadores - Resumos & Trechos
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Desde a chegada dos conquistadores, a América Latina foi inserida no sistema mundial como periferia fornecedora de riqueza para os centros de poder. Ouro, prata, açúcar, cacau, café, cobre, petróleo — tudo extraído às custas da miséria local e exportado para alimentar o luxo europeu e, mais tarde, norte-americano.
Galeano denuncia: não se trata de "atraso", mas de um tipo de desenvolvimento subordinado, onde o progresso de uns depende do empobrecimento de outros.
“A divisão internacional do trabalho consiste em que uns países se especializam em ganhar e outros em perder.”
A obra percorre os ciclos econômicos da América Latina, mostrando como cada nova riqueza significou uma nova maldição: a prata de Potosí, o açúcar do Caribe, o ouro brasileiro, a borracha amazônica, o café colombiano, o estanho boliviano. Cada ciclo enriquece elites locais e potências estrangeiras — e deixa atrás de si florestas devastadas, povos exterminados, trabalhadores exauridos.
O colonialismo formal foi substituído por um colonialismo econômico. As repúblicas independentes continuam presas a dívidas, tratados desiguais, e dependência tecnológica. O Banco Mundial, o FMI e as corporações transnacionais são os novos conquistadores.
*As Veias Abertas* não é um tratado acadêmico. É um grito. Escrito com linguagem poética, mescla história, jornalismo e memória popular. Galeano escreve com raiva, mas também com compaixão. O livro é um ato político, um manifesto contra a resignação, uma convocação à consciência continental.
“A história da América Latina é uma história de venas abertas. De costas voltadas para si mesma e de frente para o império.”
Embora publicado em 1971, o livro continua atual. A extração predatória de minérios, a financeirização da economia, os golpes patrocinados por interesses estrangeiros, a miséria estrutural — tudo isso persiste, sob novas roupagens. As veias continuam abertas.
A obra é desconfortável, mas necessária. Ler Galeano é romper o silêncio imposto pela ideologia do progresso e do mercado. É reencontrar a verdade do sofrimento coletivo e do potencial ainda inacabado de um continente.