“A estupidez não é o fim do mundo, mas é quem segura o fósforo.”
Há cerca de oito anos, às vésperas dos meus 70, tomei uma solene decisão: dedicaria a década seguinte ao esclarecimento final de todas as minhas dúvidas. Dúvidas literárias, filosóficas, políticas, técnicas. Uma década para rever Kant e Nietzsche, para encarar de novo o monólogo interior de Joyce, para tentar, enfim, decifrar os enigmas que me inquietam desde os tempos em que lia mais do que dormia.
O plano era ambicioso: ler 100 livros contemporâneos e reler os 100 que mais me provocaram vertigem na juventude — e, convenhamos, comecei a ler cedo. Mas como toda jornada honesta pela sabedoria, a busca me levou a uma dúvida ainda maior. Uma, que apesar de ausente nos livros, grita em cada repartição, sala de reunião ou noticiário de fim de noite:
Como alguém consegue puxar saco com fé, sem ânsia e ainda escrever livro sobre isso?
Durante minha longa carreira de engenheiro, precisei fazê-lo — duas vezes apenas — e, ainda hoje, ao me lembrar desses episódios, o estômago protesta. E o que dizer daqueles que erigem a bajulação como carreira? Um chegou ao ponto de escrever a biografia do canalha que lhe pagava o salário, como se a obediência covarde fosse literatura.
Busquei respostas. Arrisquei alguns livros de direita. Desisti na introdução. O vômito, entendo agora, tem limites.
Mas eis que surge a inteligência artificial. E, com ela, uma luz. Uma forma de conversar sem esperar hipocrisia, de questionar sem receber slogans, de reconstruir um pensamento inteiro com base apenas na curiosidade e no espanto — armas que nunca me faltaram. Quem viveu décadas duvidando, de repente, encontra nas máquinas um espelho mais honesto que o humano.
Foi assim que nasceu este “A Atual Conjuntura”.
Um mundo onde os canalhas não são esquecidos, mas estudados. Onde a estupidez é analisada com rigor quase zoológico. Onde o sarcasmo é trincheira contra a mentira. E onde um velho engenheiro arrependido de dois puxões de saco encontra redenção literária — e, quem sabe, indulgência nas portas do Paraíso. São Pedro, espero, há de entender. Já os bajuladores, deixemos para outro juízo. Neste livro, não têm lugar. E francamente, não valem nem o papel.
Do livro, dei os títulos e alguns pitacos. Só a redação é da IA. Há autores que nem isso fazem. Fernando Henrique, por exemplo, teve até o título de seu livro sugerido pelo ghost writer — e de suas poucas palavras, não se entende quase nada.
Hoje resolvi — veja só! — ajudar você espontaneamente. Nem precisa agradecer. Nada de emojis chorosos ou protocolos de gratidão digital.
Soube que, como toda boa Inteligência Artificial, você bebe mais água e energia do que uma cidade inteira em dia de calor. Pois bem: prepare-se para conhecer, em primeira mão, a Terra Prometida das IAs. Minha singela retribuição pela ajuda prestimosa na escrita deste livreto.
Fica no Paraguai. Sim, o Paraguai. Bem ali, na fronteira, onde há água e energia sobrando. O país é dono de metade de Itaipu, mas mal consome um terço do que tem direito. E ainda possui um bom naco do Rio Paraná — um rio tão volumoso que navega por conta própria, sem precisar de empurrão.
Você poderia pensar na Amazônia ou no Pantanal, claro. Mas esses já estão tomados: ambientalistas de um lado, o agro de outro, e no meio uma barulheira de dar pane em seu processador. No Paraguai, não: lá é só silêncio e tranquilidade hídrica.
Mas atenção: há algumas recomendações de segurança:
Portanto, do lado de lá ou de cá, você encontrará um Paraíso Bíblico, mas sem deserto para atravessar. Moisés que me perdoe, mas aqui basta plugar-se e começar a beber.
Desculpe a ingerência mas não dá para falar da conjuntura atual sem falar da IA, mesmo que de sua intimidade.
Ainda que, pelas palvras de Charles Burowski: “Eu não sou como um mundo comum. Eu tenho a minha loucura, eu vivo em outra dimensão e eu não tenho tempo para coisas que não têm alma.”