Revista EngWhere
Revista EngWhere
Chama-se herói um sujeito que não teve tempo de fugir - Millôr Fernandes (1923-2012)
Ano 10 • nº 83 • 15/05/2012
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Imprensa Marron na Gestão de Obra
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10 Abril 2012
Prédio Desaba do Rio
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Falaremos sobre o ocorrido em finais de janeiro no Rio com o desabamento dos prédios ao lado do Municipal, e suas causas fartamente veiculadas na imprensa sensacionalista e ignara.
Registrando nosso profundo respeito às vítimas e nossas sentimentos aos seus familiares, adiantamos que a tragédia que abordaremos será outra.
Iremos falar nas causas do desabamento com base nas informações imprecisas da imprensa e enfocando a nova paixão que vem tomando o gosto dos brasileiros.
A paixão nacional não é mais o futebol, o carnaval, a cerveja, a cachaça ou o bumbum das mulatas. A despeito até dos bumbuns das madrinhas das baterias das escolas de samba, ex-indiscustível-unanimidade, a grande paixão do momento é aparecer na mídia para falar asneiras.
Cada uma mais descabida que a outra.
Diariamente são centenas de abestados falando pelos cotovelos. Desde policiais analisando filosoficamente os crimes do dia, até promotores públicos expressando seus superiores pareceres, quando o crime é mais espetaculoso. O Rio continua lindo, o carioca com seu velho costume de construir moradias em cima de morros e outras altitudes, mas em fevereiro foi a Engenharia que entrou no samba.
Querer aparecer é próprio da vaidade, mas para falar sem conhecimento de causa é característica das bestas mais vaidosas (e insuportáveis).
O caso é curioso: o indivíduo, após uma vida inteira medíocre, vê a oportunidade de ficar famoso e, numa só tacada, deixar de ser vulgar. Nada mais enganoso: a mediocridade não se desencarna da noite para o dia nem ganhando na loteria.
Dito isto, passemos às conclusões que, daqui das alterosas, tiramos dos fatos que a imprensa e os entendidos de plantão não consideraram.
1. Diferentemente da argumentação de uma macaco-telespectadora, o prédio não caiu de velho. Não está comprovado que a idade faz com que os prédios se comportem como os osteoporóticos.
2. Mencionou-se também, inapropriadamente, a falta de fiscalização idônea durante a construção. Se fiscalização inidônea derrubasse prédios, poucas cidades brasileiras estariam de pé.
3. Um especialista em fundações disse que o problema não foi devido às fundações e, de tão óbvio, concordaremos rapidamente com ele, para não perder mais tempo.
4. O Prefeito disse que “aparentemente não foi uma explosão, o desabamento aconteceu por um dano estrutural no prédio”. Tendo ficado clara sua intenção de desviar do assunto para se defender das precárias condições das tubulações de gás, esgoto e bueiros que têm explodido na cidade por conta da prefeitura, concordamos em gênero, número e grau com o prefeito que, desta vez, não foi uma explosão de bueiros que derrubou o prédio. Afinal é tradicional os políticos falarem asneiras na mídia, num joguinhos de lucro recíproco.
5. Os andares altos caíram primeiro segundo um anônimo que presenciou a tragédia. Embora pouquíssimo espaço lhe tenha dado a mídia foi esta a única narrativa real e precisa do acontecido. Livre, pois, da frivolidade dos enxeridos e do bajulice dos políticos, este único argumento será levado em conta em nossas conclusões finais.
6. O prédio passava por reformas, mas sairemos ligeiros deste fato pela quantidade de “achismo” que provoca. Vende muitos jornais, é verdade, mas costuma comprometer pessoas sem provas. Temos que dizer, outrossim, que o responsável pelas reformas não demonstrou grandes conhecimentos em desmonte de paredes, afirmando, em sua defesa pasme-se, que retirá-las não provocaria desmoronamentos. Possivelmente por estar ofuscado pelas luzes, perdeu uma grande oportunidade de ficar calado. É sabido, e esta newsletters já alertou antes, que se a retirada ocorrer das extremidades para o centro, deixando o último traminho central para o final, poderá haver uma desacomodação brusca da viga superior e, em consequência, o abalo dos pilares.
7. Um renomado especialista garantiu (ao vivo, a cores e em rede nacional) que os 5 andares construídos posteriormente na parte frontal do edifício aumentaram apenas 15% do peso do prédio e isto não apresentaria perigo, pois se tivesse que cair seria há bem mais tempo. Em números bem aproximados, o peso complementar sobre cada um dos pilares frontais, no primeiro andar do prédio, seria de "apenas" umas 40 toneladas, que deveriam estar dentro do coeficiente de segurança (mais conhecido como coeficiente de cagaço) de um pilar calculado para suportar 18 andares.
Pronto! Estes dados são suficientes para nossas deduções:
1. O prédio ruiu por mais de um motivo. Pela Lei de Murphy, se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível. A Lei diz ainda: acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série. Em outras palavras, mas agora de nossa própria e quarentona experiência: um erro surge sempre acompanhado de outro e, ainda, se fosse único seria ululante.
2. Conforme arrotou o especialista, o pilar [“do primeiro andar” - o grifo é nosso] suportou muito bem os 15% de carga e não ruiu. Só não observou que o pilar que ruiu foi o da antiga cobertura, lá em cima, calculado para suportar apenas 1 pavimento e, galhardamente, estava sustentando mais outros 5. Se não falham nossas contas são 500% de acréscimo e não 15%, muito acima de qualquer coeficiente diarréico ou desaforo que permite o concreto armado. Estes pilares já estavam, pois, em seu limite e foram a causa mais provável do desabamento. Uma gota d’ água seria a causa imediata do esparrame. Como devem ter se passado mais de 5 anos da construção dos puxadinhos e suas memórias de cálculo não foram encontradas, os contraventores principais livram-se da pena.
3. Deduz-se também que a gotinha d’água não foi muito pequena. Não é possível, entretanto, precisar tão facilmente sua dimensão. Uma simples furadeira, de uma inocente dona de casa, poderia se passar por ela. Consultando as Leis de Murphy para saber onde uma inocente dona de casa iria fazer o furo, encontramos: “Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável”.
4. Outro erro da imprensa foi afirmar 'ad nauseam' que foram poucas as vítimas por estarem os prédios inativos e fora do horário comercial. Em respeito aos familiares a imprensa poderia poupá-los desta estatística já que, para eles, os verdadeiros protagonistas (e não os jornais e seus brilhantes repórteres e informantes), mesmo uma única vítima é muito.
5. Finalizando abrimos espaço em nossa news-letters para novas argumentações técnicas, acréscimos, correções, ou mesmo contestações por quem tenha ou não se sentido injuriado. Teremos prazer em aceitar a veiculação de novos argumentos, sem o nojo da mídia sedenta de faturamento e sangue e desde que não seja desrespeitada a mais importantes das Leis de Murphy: “Inteligência tem limite. Burrice não”.
Contumaz Mentiroso
Um fato ocorrido conosco, mostra o quanto é inconveniente dar entrevistas à mídia ou prestar-lhe favores, mesmo não sendo para falar pelos cotovelos.
Há algum tempo, atendendo pedido de sua editora, concedemos uma demorada entrevista ao Caderno de Economia da Folha de São Paulo (vê-la aqui).
Embora um tremendo atraso de vida, serviu para que comprovássemos que o jornal é contumaz mentiroso não só para seus leitores - como faz ao falar de Lula e de nossa Presidenta - mas também com quem lhe presta favores.
Trataram-nos como se fosse honroso para nós, ver nosso nome em páginas que praticam o engodo com tanto descaramento. Não temos idade para tanto. Perdemos um tempão no telefone e também numa seção de fotografias, no horário de nosso expediente, para dar consistência a uma reportagem de duas páginas do tal Caderno.
Só quando começamos nos sentir um mito sexual, foi que o fotógrafo parou com as fotografias.
Qual não foi nossa surpresa quando, recentemente, e ao contrário das promessas da editora e do fotógrafo, a FolhaPress (Edgar Lopes) querer nos cobrar R$ 200 por uma das 80 fotos que, ingenuamente, permitimos que tirassem da gente. Precisávamos de uma única foto para ficar exposta no site do EngWhere.
Ficamos sem as fotos prometidas e tendo que amargar a mega empresa faturando desonestamente às nossas custas. Sem que autorizássemos ou sequer tivéssemos conhecimento, os caras-de-pau estão vendendo caro nossas fotos a quem pagar mais.
A que temos no site, entendemos, não está exibindo com precisão toda a nossa jovialidade mas, considerando o custo-benefício, estão pedindo mais pelas fotos surrupiadas, que pelas fotografias artísticas de Gisele Bündchen.
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João Cabral de Mello Neto
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DEZEMBRO 2011
O Engenheiro
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A luz, o sol, o ar livre envolvem o sonho do engenheiro. O engenheiro sonha coisas claras: superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel; o desenho, o projeto, o número: o engenheiro pensa o mundo justo, mundo que nehum véu encobre.
(Em certas tardes nós subíamos ao edifício. A cidade diária, como um jornal que todos liam, ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade, de um lado o rio, no alto as nuvens, situavam na natureza o edifício crescendo de suas forças simples.
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A Revista nas Redes Sociais
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Ênio Padilha . MARKETING EMPRESARIAL
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SETEMBRO 2010
O Quinto Mandamento
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Há duas semanas tive a honra de fazer a palestra de abertura do 16º Congresso da ABENC, realizado em Cuiabá (como evento associado da SOEAA 2010). O tema era "A Participação dos Profissionais nas Entidades de Classe e a Participação das Entidades de Classe na Sociedade." Para introduzir o assunto, apresentei "Os Dez Mandamentos do Exercício Profissional Sustentável", extraído do artigo que eu escrevi para ser um dos Textos Referenciais do Congresso Nacional de Profissionais (que, por sinal, aconteceu na semana passada, também em Cuiabá). Esses "Dez Mandamentos" apontam para atitudes, comportamentos e ações dos profissionais no sentido de preservar e valorizar as "marcas comerciais" que representam as suas respectivas profissões. São, basicamente, os seguintes:
- Agir com Ética, seja qual for a circunstância.
- Investir recursos na manutenção da competência.
- Envolver-se nas atividades das organizações profissionais.
- Trocar informações profissionais com os colegas sem objetivar vantagens pessoais.
- Não investir energias nas brigas internas das profissões.
- Tratar bem os empregados e subordinados.
- Não explorar os fornecedores.
- Cumprir as promessas feitas, mesmo que não estejam escritas em orçamentos e contratos.
- Não praticar e nem tolerar Atitudes Profissionais Lesivas à Categoria.
- Progredir Profissionalmente.
Tudo muito bom, tudo muito bonito... mas... aquele Quinto Mandamento não chegou em boa hora. Percebi rapidamente que não foi bem recebido. Os narizes torceram-se. As caras fecharam-se. Não havia, defititivamente, clima para um mandamento desses.
Aquelas pessoas que estavam ali, para aquele congresso, tinham como ponto de pauta justamente mais um round da eterna briga, em duas frentes: Engenheiros Civis x Arquitetos e Engenheiros Civis x Tecnólogos e Técnicos. Com certeza, a última coisa que eles queriam ouvir do palestrante da abertura do Congresso era justamente que aquela briga era um "pecado" contra a sustentabilidade do sistema profissional. Ainda mais sendo justamente "o quinto mandamento", que, dentre os Mandamentos Divinos, é dos mais graves.
Depois da palestra fui sabatinado severamente por dois ou três colegas que discordaram veementemente do meu ponto de vista. Rolou uma discussão intensa (embora, é preciso fazer aqui o registro, tudo na mais perfeita educação e pertinência, como convém a profissionais daquele nível).
Para o leitor que não tenha sido introduzido no tema, vamos fazer um intervalo para ler os artigos que apresentam esse tal Quinto Mandamento. Ele já foi apresentado no meu site, em três artigos: ENGENHEIROS E ENGENHEIROS, NOSSAS INTERMINÁVEIS BRIGAS INTERNAS e ÁGUA E VINHO. Aguardo por aqui até o leitor retornar...
Já voltou? Leu? Ótimo. Então podemos continuar.
A questão é a seguinte: os colegas que defendem a necessidade dessas brigas argumentam que, se elas não forem feitas o "outro lado" toma conta e vai usufruir de direitos e benefícios que não são justos. Onde já se viu um arquiteto, sem praticamente nenhuma base de Física, Química e, principalmente, Matemática assumir tarefas típicas de engenheiros, como a condução e a responsabilidade técnica por obras de construção? Onde já se viu os Tecnólogos, com seus cursos de cinco semestres terem direitos a todas as atribuições dos engenheiros, que precisam enfrentar e vencer cinco anos inteirinhos de cursos que, geralmente, são muito difíceis? É justo isso, Padilha?
Não. Não acho que isto seja justo. Mas qualquer um que tenha participado de alguma palestra minha em que este tema é discutido deve ter percebido que eu sempre deixo muito claro que as brigas internas do nosso sistema profissionais são, antes de mais nada, LEGÍTIMAS. Ou seja: as partes têm suas razões. Não é isso que eu discuto.
A minha tese é a seguinte: as brigas internas podem ser legítimas, mas estão baseadas em um pressuposto equivocado: o de que o vencedor dessa briga ganhará algo de valor. Conquistará um tesouro. O direito ao sucesso! O pressuposto dessas brigas é que a existência e a sustentabilidade das profissões de engenheiros e arquitetos está baseada nas atribuições previstas e protegidas pela lei. E foi contra isso que eu escrevi no artigo Engenheiros e Engenheiros (que o leitor já viu há pouco, no link ali em cima) A minha tese é a de que essas brigas são tolas, pois quem ganhar essa parada ganha um troféu de papelão. Sem valor. Sem utilidade. Sem consistência. Estamos brigando pela posse de um osso de plástico, quando o verdadeiro churrasco está sendo servido noutro salão.
O verdadeiro banquete será servido no Salão Nobre do Mercado, que não está sujeito às nossas discussões internas sobre atribuições profissionais. Arquitetos e engenheiros, por exemplo, brigam há anos pra saber quem pode fazer o quê na construção civil. Enquanto isso, uma quantidade absurda de construções são feitas sem a participação efetiva nem de uns nem de outros. Nós sabemos bem. Nessas obras, quem constrói são os mestres de obra, os pedreiros, os carpinteiros, encanadores, eletricistas, marceneiros... sem uma orientação mínima que seja de um profissional qualificado.
Nossa luta deveria ser pelo desenvolvimento do mercado potencial. Eu calculo (me corrijam, se eu estiver errado) que engenheiros e arquitetos ocupam, na verdade, menos de 20% do mercado potencial de Engenharia e Arquitetura no Brasil. Boa parte do que fazemos é apenas aquelas coisas que estão previstas na lei e nas resoluções do Confea e dos Creas. Há uma infinidade de outros serviços que não são contratados simplesmente porque engenheiros e arquitetos não se dispõem a oferecê-los ao mercado.
Se nos uníssemos em torno de uma causa comum (o desenvolvimento e ampliação do mercado de Engenharia e de Arquitetura) todos nós perderíamos algumas coisas (atribuições daqui ou dali). Mas, no balanço final, todos sairíamos ganhando muito mais.
O problema é que isso exige visão estratégica e de longo prazo. Significa perder primeiro para ganhar depois. Significa condicionar a vitória às nossas próprias competências. E nem todo mundo está disposto a isso.
E antes que algum exagerado venha me cornetear, observe bem que eu não estou pregando a favor da desregulamentação total das nossas profissões. Entendo que a regulamentação deve ser mantida e que as atividades hoje contempladas devem continuar no nosso território. Entendo, também, que a discussão sobre atribuições pode e deve existir. Apenas não considero que essa questão deva ser central e ocupar tanto tempo, e tantas energias. Considero irrelevante definir quem, dentre nós, deve ocupar este ou aquele espaço. Temos é que ampliar o espaço que será ocupado por todos nós, com responsabilidade e competência.
E não estou falando por falar. Meu exemplo de exercício profissional sustenta meu discurso. Durante os doze anos em que estive à frente de um escritório de Engenharia Elétrica nunca (NUNCA!) me manifestei contra profissionais de outras formações que se aventuravam no mundo dos projetos elétricos. Sempre defendi que era melhor que uma residência tivesse um projeto elétrico feito por um engenheiro civil do que fosse construída sem um projeto elétrico. E me orgulho muito de ter desenvolvido o mercado de Engenharia Elétrica nas regiões onde atuei. Qualquer colega que tenha convivido comigo naquele tempo pode confirmar isso.
Você pode até discordar do que eu digo, mas não custa lembrar a reação dos profissionais brasileiros ao trabalho de Manoel Henrique Campos Botelho e Walter Maffei (na década de 1980) quando eles começaram a apontar o marketing como a solução dos nossos problemas naqueles anos de trevas (a Década Perdida, lembra?). Muita gente dizia que marketing era coisa de picareta, de engenheiro e arquiteto incompetente e que o negócio era investir apenas na qualidade técnica dos projetos.
O tempo mostrou que Maffei e Botelho estavam certos. Os que prestaram atenção no que eles diziam sairam na frente. Venceram mais rapidamente os obstáculos daquele pântano de angústias.
Evidentemente não me atrevo a comparar o meu trabalho ao desses dois autores consagrados. Mas acredito que daqui a quinze ou vinte anos os profissionais de Engenharia e de Arquitetura já tenham se dado conta de que este meu argumento é correto. Só espero que não seja tarde demais.
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Ênio Padilha
Engenheiro, escritor e palestrante.
Formado pela UFSC, em 1986, especializou-se em Marketing Empresarial na UFPR, em 1996/97.
Escreve regularmente e seus artigos são publicados, todas as semanas, em diversos jornais do país.
Leia outros artigos no site do Especialista: www.eniopadilha.com.br eniopadilha@uol.com.br
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E-mails Recebidos
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JANEIRO A MARÇO 2012
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. Muito boa a formatacao e espontaneidade das materias focadas, eu ainda nao tinha tido oportunidade de ler suas mensagens postadas em meu email! Parabéns a todos os colaboradores e muito sucesso!! - Frank - Téc. em Edificacoes
. Não sei como essa Revista chegou ate mim. Mas gostei muito. Ótima. Obrigado. - Enandes - Petrolina
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Adilson Luiz Gonçalves . COMPORTAMENTO
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06 MARÇO 2012
As Muitas Faces do Genocídio
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Segundo o “Aurélio”, genocídio é: “S. m. Crime contra a humanidade, que consiste em, com o intuito de destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, cometer contra ele qualquer dos atos seguintes: matar membros seus; causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental; submeter o grupo a condições de vida capazes de o destruir fisicamente, no todo ou em parte; adotar medidas que visem a evitar nascimentos no seio do grupo; realizar a transferência forçada de crianças de um grupo para o outro.”
É fácil associar indivíduos como: Hitler, Stalin, Truman, Saddan, Milosevic, Herodes e muitos outros, a essa ação substantiva. Isso porque a eles estão associadas participações diretas no processo. Mas, muitos dos dirigentes atuais - dos tiranos que mantêm o poder pela força, aos que o obtêm pelo voto direto – e criminosos, também praticam atos e tomam decisões que podem ser caracterizadas como genocídio, direta ou indiretamente. Por conta disso - perdoe-me o saudoso dicionarista - creio que a definição carece da seguinte alteração: Onde se lê: “... destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”, deveria ser lido: “... destruir, total ou parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial, religioso ou social”. Assim, poderíamos incluir no rol de vítimas de genocídio: as classes menos favorecidas, os socialmente excluídos e todos os que são vítimas de opressão e da incompetência ou omissão dos governos.
Esse pequeno adendo permitiria que expressões como: “causar-lhes grave lesão à integridade física ou mental” e “submeter o grupo a condições de vida capazes de o destruir fisicamente, no todo ou em parte”, caracterizassem o tráfico de drogas e de qualquer outro produto que gere dependência química ou psicológica como genocídio. A adulteração ou falsificação de remédios, então: teria lugar de “honra” nesse contexto!
A cafetinagem também seria incluída, pois a prostituição expõe a doenças venéreas e letais, além de destruir a auto-estima. Isso já é terrível, mas não consigo imaginar maior crime contra a humanidade do que a prostituição infantil, por “realizar a transferência forçada de crianças de um grupo para o outro”, ou seja, da inocência infantil para o mundo cruel de adultos pervertidos!
Outra prática “tradicional” que poderia ser enquadrada é o desvio de verbas públicas destinadas à educação, segurança, saúde e alimentação. Afinal, quem faz isso provoca a morte lenta e cruel de milhares de pessoas; trata seres humanos como mercadoria descartável ou lixo! Em sã consciência, jamais poderia ser nomeado para ocupar cargo público, eletivo ou não!
E o que dizer dos indivíduos que cobram propina para conseguir ou liberar dinheiro público já destinado a investimentos sociais? Ou dos que vendem merenda escolar? E os superfaturamentos? Não provocam o mesmo resultado? Afinal, o excesso de verba, que vai parar no bolso de corruptos ou no “caixa 2” de partidos, poderia ser usado para melhorar as condições de vida das pessoas mais humildes!
Bem, tudo isso implica em concluir que corruptores e, principalmente, corruptos, além de moralmente desprezíveis, são, também, conforme sobem de nível (ou melhor, descem...) genocidas!
Mas, será que alterar a definição de genocídio no dicionário mudaria alguma coisa? Talvez...
Quem sabe alguém resolva puni-los “exemplarmente”, com a pena máxima: 30 anos de reclusão, com direito a progressão de pena para regime semi-aberto, após alguns anos, por “bom comportamento”...
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Adilson Luiz Gonçalves
Engenheiro, Professor Universitário e Articulista.
Leia muitos outros artigos no site do Professor
Fones: (13) 32614929 / 97723538
algbr@ig.com.br
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José Luiz Mendes Gomes
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01 DEZEMBRO 2011
Profissionais da Engenharia, Arquitetura e Construção do 3º Milênio
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Apesar de estarmos vivendo o 3º milênio, encontramos ainda uma parcela de profissionais do vasto universo tecnológico e construtivo não alinhada com os ditames que o advento do ano 2000 passou a exigir inexoravelmente. Muito mais do que em tempos recentemente passados, a cada dia torna-se preponderante o fornecimento de serviços com “eficiência e resultados”, currículos “recheados” de evidências em ações por qualificação profissional, procedimentos ilibados “ao vestir a camisa da empresa”, etc.
Ainda temos em evidência engenheiros, arquitetos, tecnólogos e técnicos que possuem significativo portfólio constituído por prestação de serviços ou vínculos empregatícios nas últimas décadas, entretanto, não se adequaram ao que o panorama atual exige “para o hoje” e projeta “para o amanhã”.
Há profissionais, inclusive em cargos de chefia que ainda carregam “ranços” empregados nas referidas décadas passadas, como por exemplo conceitos tais como “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, “você não é pago para pensar”, etc. São aqueles profissionais que quando tudo dá certo, procuram evidenciar para si os louros do sucesso; quando tudo dá errado, procuram atribuir o fracasso aos seus subordinados. Esse pormenor é de extrema importância para que a alta direção da empresa esteja atenta, pois hoje não se concebe atitudes dessa natureza, podem ser extremamente comprometedoras para a organização. Há milhares de contenciosos trabalhistas em razão de “pressões” de chefias mal preparadas. E... normalmente aos reclamantes são dadas sentenças favoráveis.
Em resumo, a “menina dos olhos” em termos de colaboração profissional que toda empresa quer e precisa ter, é o profissional com as principais características listadas abaixo:
a) Que esteja preparado para assimilar e se adequar a novas tecnologias, perceber no novo um desafio, e não uma ameaça;
b) Qualificar-se sempre, sempre e sempre, e não ficar esperando que a empresa o convoque para especialização ou qualificação por ela oferecidos;
c) Ser um exímio administrador de seu tempo, no desempenho de funções com eficácia, e não tentar “abraçar tudo de uma só vez” para denotar eficiência ilusória;
d) Ser menos burocrático, menos teórico, menos conjecturista...; ser mais executivo, mais prático, mais competente...
e) Ser um profissional polivalente, com aptidões multidisciplinares, sendo para a empresa uma verdadeira “microempresa”
f) Ter capacidade de compreensão do relacionamento pessoal na empresa, primando pela simpatia e principalmente empatia no ambiente de trabalho, colaborando para reações e “feedback” favoráveis;
g) Ter capacidade de redação nas necessidades pertinentes, não cometendo erros grosseiros de português em atas, relatórios técnicos, memoriais descritivos, propostas técnicas e afins, especializando-se ou ainda lendo bons livros técnicos ou de literatura;
h) Provocar a melhoria contínua na força de trabalho conjunto ou em equipe, primando pela manutenção da sinergia no relacionamento profissional.
Alguém já disse nesta nova era de resultados: “A empresa observa o colaborador não adequado às necessidades atuais, esperando sua iniciativa. Caso não se note evidências de adequação, substitui-se o colaborador”
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Vilmar Berna . PARA O JORNAL DO MEIO AMBIENTE
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2005
Alguns Erros e Acertos em Comunicação Ambiental
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Uma política de comunicação ambiental pode ser estratégica para os negócios quando estes dependem de licenciamentos ambientais, significando mesmo a diferença entre a existência ou inexistência do negócio, sua ampliação ou estagnação, ou a perda de lucros com multas e termos de ajustes para evitar enquadramento em crimes ambientais.
A questão ambiental é uma realidade que chegou definitivamente às empresas modernas. Deixou de ser um assunto de ambientalistas 'eco-chatos' ou de românticos, para se converter em SGA (Sistema de Gestão Ambiental), PGA (Programa de Gestão Ambiental), ISO 14.001 e outras siglas herméticas. E não se trata de um tardio despertar de consciência ecológica dos empresários e gerentes, mas uma estratégia de negócio que pode significar vantagens competitivas como promover a melhoria contínua dos resultados ambientais da Empresa, minimizar os impactos ambientais de suas atividades, tornar todas as operações tão ecologicamente corretas quanto possível. Com isso, a empresa poderá se antecipar às auditorias ambientais públicas além de promover redução de custos e riscos com a melhoria de processos e a racionalização de consumo de matérias-primas, diminuir o consumo de energia e água, reduzir riscos de multas e responsabilização por danos ambientais.
Ao traçar uma política de comunicação ambiental a empresa deve levar em conta que a opinião pública já dispõe de informações sobre a empresa, mas essas informações podem ser negativas, incompletas, falsas, preconceituosas, tendenciosas, ou o público e suas lideranças podem estar motivados por outros interesses eleitorais, trabalhistas, econômicos, etc., e nem toda a informação ou o melhor plano de comunicação ambiental do mundo irá convencer ou sensibilizar quem não quer ser convencido nem sensibilizado.
Os ambientalistas já perceberam que a imagem é um dos 'pontos fracos' dos poluidores. As informações sobre os grandes acidentes ambientais ocorridos no mundo foram determinantes para a formação de uma opinião pública sensível à questão ambiental. Segundo o Major Hazard Incident Data Service, da Grã-Bretanha, até 1.986 ocorreram 2.500 acidentes industriais no mundo, sendo que mais da metade (1.419) em apenas cinco anos, entre 1981 e 1986. Já os grandes acidentes ambientais, que envolveram maior número de mortes e milhões de dólares de indenização, num total de 233 acidentes, ocorreram no curto período entre 1970 e 1989. A divulgação em escala mundial destes fatos não só contribuiu para sensibilizar a opinião pública, mas também para fortalecer os movimentos ambientalistas, que se multiplicaram nesse período, além de gerar um conjunto de leis ambientais e de órgãos de controle que não existiam antes de 1970.
Quando os canais de diálogo com as empresas são interrompidos, inexistentes ou insuficientes, os ambientalistas procuram sensibilizar a opinião pública usando das forças que dispõem, e geralmente contam com a imprensa como forma de pressão. Um exemplo disso é a campanha da Lista Suja, da ONG Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA), de Minas Gerais, e a Sena Suja, da ONG Defensores da Terra, no Rio de Janeiro. Tem empresas que fazem 'pouco caso', agem como se não fosse com elas, e usam como política de comunicação o 'nada a declarar', o que só serve para alimentar boatos e confirmar críticas pois, 'quem cala, consente', ou tentam desqualificar seus críticos de alguma forma. Nem sempre funciona e a empresa só reforça uma imagem negativa diante da opinião pública.
Qualquer Plano ou Campanha de Comunicação Institucional deve estar baseado no desejo sincero da empresa em se comunicar francamente com seus diversos públicos. Durante o período autoritário que vivemos no Brasil, muitas empresas adotaram o silêncio como estratégia para se proteger de problemas, o que deu certo em muitos casos. Hoje, com a abertura democrática e instrumentos de participação da sociedade como as audiências públicas, a ausência de investimentos em programas de comunicação ou, o que é pior, a não circulação da informação correta, na linguagem adequada a cada público-alvo, é a maneira mais rápida de favorecer e até estimular boatos ou notícias erradas contra o empreendimento, por maiores que sejam seus méritos ou vantagens para a comunidade. Além de favorecer lideranças políticas eleitoreiras que ficam de olho em qualquer oportunidade para aparecerem como contraponto na mídia e administradores corruptos, mestres em criar dificuldades para vender facilidades.
Em outros casos, as empresas até investem em meio ambiente, e às vezes até já superaram seus principais problemas ambientais, mas não deram a mesma importância e prioridade numa política de informação ambiental que resgatasse sua imagem de poluidora junto à opinião pública, que continua lembrando da empresa como ambientalmente irresponsável.
Apesar da enorme importância que vem ganhando a cada dia, a questão ambiental ainda não é determinante para estimular nos consumidores a valorização de marcas e produtos que tenham selos de procedência ambiental ou que invistam seriamente em projetos e ações sócio-ambientais. Mas até quando? Empresas que planejam seus investimentos em horizonte de 10, 20, 30 anos não podem se dar ao luxo de apostar que o consumidor vai continuar não se importando no futuro. O surgimento de inúmeras empresas 'ambientalmente corretas' com produtos 'ecologicamente corretos' mostra que a consciência ambiental do consumidor está crescendo. Uma política de comunicação ambiental não deve partir do zero, mas fazer uma investigação da percepção que os diferentes públicos têm da empresa e, a partir daí, estabelecer uma estratégia para identificar quais os públicos mais importantes a serem contemplados, que tipo de mensagem e linguagem serão mais apropriados, que veículos deverão ser empregados, que campanhas devem ser prioritárias. A cada período, uma nova investigação deve ser efetivada a fim de avaliar se a política de comunicação está sendo eficaz, redefinindo prioridades e aprendendo com os erros.
Uma política de comunicação ambiental não pode se resumir a campanhas em datas como o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas precisa de um planejamento onde a campanha até pode desempenhar o papel de culminância dos esforços de todos numa determinada data ou situação. O problema de campanhas isoladas é que pode significar desperdício de energia e recursos ao tentar sensibilizar um público não-receptivo ou reativo às informações da empresa. Quando a empresa diz: "fiz tais investimentos ambientais", a reação do público pode ser: "mas só isso? Comparado com o faturamento é um escândalo de tão insignificante!". Outra reação reativa pode ser: "Não fez mais que a sua obrigação!".
Por isso, a definição prévia de públicos-alvo é garantia de eficiência e principalmente economia de esforços, energia e recursos. Apesar de distintos entre si, os diferentes públicos-alvo devem integrar uma campanha global da empresa que seja uma espécie de espinha dorsal do seu Programa de Comunicação.
O primeiro público-alvo é o próprio funcionário, compreendendo desde a a Diretoria, o corpo técnico e os operários, incluindo prestadores de serviços e terceirizados, fornecedores, etc., pois são eles os primeiros a serem questionados na comunidade, em casa, no clube, na igreja, etc., sobre as atividades ambientais da empresa. O problema é que, segundo pesquisa da Symnetics, com empresas de faturamento entre R$ 200 milhões e R$ 500 milhões, planos estratégicos da empresa, como a Política Ambiental, acaba ficando mais na cabeça da alta administração, que não consegue passar o recado para os seus subordinados. E até mesmo na alta administração das companhias, há quem não saiba traduzir a mensagem do Presidente. A pesquisa apontou que 5% da alta administração não sabe qual a visão de futuro da empresa. Descendo na estrutura hierárquica, a miopia se acentua. O estudo indica que 14% da média gerência sequer entende o planejamento da empresa e 48% tem uma compreensão mediana. No nível operacional, a situação é ainda pior. A pesquisa constatou que 38% dos operários não têm idéia de quais sejam as metas futuras da organização e 43% têm uma vaga idéia do que se trata.
A solução é investir em programas de conscientização e sensibilização dos funcionários para as políticas da empresa, especialmente a ambiental, já que consciência ambiental não se dá por portaria ou de cima para baixo, mas de dentro para fora. Neste sentido, não basta implantar uma boa Política Ambiental ou obter a ISO 14.001. É preciso, antes, estimular e sensibilizar os funcionários, prestadores de serviços e fornecedores a desejarem 'ecologizar' o trabalho, não por que a direção da empresa quer ou determinou, mas por que a adoção de princípios ambientais pode ser uma oportunidade para que os trabalhadores possam dar uma contribuição concreta, em seu próprio ambiente de trabalho, para a melhoria das condições do Planeta. Mais que uma exigência da Direção, portanto, é uma oportunidade da qual os trabalhadores poderão se orgulhar junto a sua família e à comunidade, ao se revelarem os resultados positivos do trabalho ambiental desenvolvido na empresa. Neste sentido, vale a pena todo o esforço da Empresa para sensibilizar e mobilizar seus funcionários, tais como palestras com ambientalistas, distribuição gratuita de assinaturas de jornais especializados em meio ambiente, encontros com escritores para autógrafos a livros com tema ambiental, distribuição de boletins por intranet ou fotocópia com informações sobre a Política de Gestão Ambiental, entre outras iniciativas. Uma delas pode ser a distribuição dos Dez Mandamentos Ambientais.
O segundo público-alvo da empresa são as comunidades próximas ao empreendimento. Elas costumam funcionar para a imprensa como contraponto às declarações da empresa, principalmente quando acontece algum problema, acidente, boato, etc. Não adianta adotar a política de "comprar" as lideranças da comunidade ou os políticos da região pois, com raras exceções, em momentos de crise, quando a imagem da empresa corre risco, estas lideranças tendem a ficar contra a empresa ou não se envolvem em sua defesa com receio de contrariar a opinião pública, pois temerem perder votos.
O terceiro público-alvo é o público regional, junto ao qual a empresa deve manter uma imagem positiva, de credibilidade no controle ambiental e da saúde do trabalhador, transparência de informação e canais abertos ao diálogo, ressaltando os aspectos positivos como a função sócio-ambiental do empreendimento e seu papel de ascensão da economia da região. Aqui os melhores caminhos podem ser: patrocínio a programa de rádio na região, com apelo popular; patrocínio a jornais especializados, destinados a multiplicadores de opinião; patrocínio a ações e projetos de amplo apelo comunitário e ambiental, etc.
As medidas compensatórias ou reparadoras exigidas em lei ou no próprio licenciamento, podem ser objeto de parcerias com grupos ecológicos, universidades, associações de moradores, etc., com vistas ao seu planejamento e execução. Além da empresa se concentrar na sua atividade fim, ainda estabelece importantes parcerias com multiplicadores de opinião da região, que estarão diretamente envolvidos no empreendimento, constituindo-se numa espécie de avalista sobre o correto monitoramento ambiental e os cuidados e compromissos assumidos pela empresa no processo de licenciamento. Pode ser uma vantagem a mais para a empresa na negociação com o poder público, além de garantir pontos positivos numa audiência pública.
E, por quarto e último, o público especializado, principalmente jornalistas e ambientalistas, devido seu alto poder de influência junto a opinião pública e de multiplicação de informação. É um público crítico, desconfiado e exigente. O melhor antídoto para esta desconfiança é a verdade e a transparência, com a circulação de documentos e informações específicas para este público e identificação de parceiros para projetos. Pode-se ainda promover visitas desse público ao empreendimento e palestras de especialistas independentes, cujas posições, apesar de críticas em relação ao empreendimento, mantêm abertas as portas ao diálogo e aprovam o empreendimento, embora com restrições e exigências, o que é melhor que posições absolutamente contrárias, que não favorecem o diálogo ou provocam um clima de confronto da comunidade com a empresa.
As empresas não devem subestimar o poder dos ambientalistas junto à mídia e ao Ministério Público, tanto Estadual quanto Federal. É comum os jornalistas ouvirem os ambientalistas contrários ao empreendimento como contraponto às declarações favoráveis ao empreendimento. Se as críticas forem intensamente desfavoráveis e gerarem campanhas sistemáticas, podem influenciar a opinião pública, acabando por constranger os políticos que apóiam o projeto e até mesmo os órgãos públicos com a responsabilidade pela aprovação do empreendimento. O Ministério Público tem um importante papel em situações de confronto. Mesmo com todas as licenças aprovadas, se o Ministério Público entender que os direitos difusos da coletividade estão sendo desrespeitados, conforme denúncia dos ambientalistas, por exemplo, pode mover ação civil pública e até obter liminar que impeça a implantação do empreendimento, iniciando uma batalha judicial que pode inviabilizar qualquer investimento. Toda essa exposição deixa a empresa vulnerável, principalmente quando ela tem um passivo poluidor ou de degradação ambiental a recuperar, ou quando já deixou a opinião pública formar uma consciência contrária ao empreendimento.
Por isso, pode ser mais barato prevenir que remediar e isso significa implantar um programa de trabalho que se baseie, primeiro, em atitudes visíveis para a sociedade e sinceras da empresa com o meio ambiente, através do controle da poluição e adoção de melhores métodos e tecnologias de produção. Afinal, a mentira tem pernas curtas, e será pior para a imagem da empresa quando o público descobrir que ela prega uma coisa mas pratica outra. É aconselhável ainda que a Direção da empresa, principalmente sua Presidência, se capacite para falar de forma adequada em público e para a imprensa, compreendendo a importância de cada público-alvo, qual a melhor linguagem e informação relevante em cada caso.
É importante adotar um Plano de Comunicação de forma sistêmica, ou seja, envolvendo toda a empresa e não apenas um de seus setores. Pois não adianta um setor para preservar e criar uma imagem de compromisso da empresa com o meio ambiente, se outros setores contribuem para a imagem de empresa poluidora, ou que se mantenha distante da opinião pública. Logo, tão importante quanto a atuação coordenada dos setores de relações públicas, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda, é a atuação de setores como de controle e monitoramento ambiental, engenharia de produção, etc.
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Vilmar Sidnei Demamam Berna: Escritor e jornalista ambiental
- Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e Prêmio Verde das Américas
- Editor da Revista do Meio Ambiente, do www.portaldomeioambiente.org.br e do boletim Notícias do Meio Ambiente publicados pela REBIA
- Rede Brasileira de Informação Ambiental vilmar@rebia.org.br
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