O mundo mudou. E não para melhor.
Se antes girava em torno do Idiota — esse ser difuso, indeciso, manipulável — hoje orbita em torno de outro tipo muito mais perigoso: o Canalha.
O idiota votava mal, mas votava por ignorância. Já o canalha vota com convicção, sabendo exatamente o que quer: manter seus privilégios, ainda que à custa de fome, guerra ou mentira.
No passado, o poder era atribuído ao mérito (ainda que fosse mito). Heróis vinham do cinema ou do front de batalha, como Montgomery Clift com sua mandíbula trágica e uniforme alinhado. O cinema, aliás, curava até tristeza.
Naqueles tempos, Paulo Freire alertava que oprimido sonhava em virar opressor. Hanna Arendt denunciava a banalidade do mal, cometida por burocratas ordinários, sem chifres nem rabo. O mal era insosso, mas detectável.
Esses gênios da raça, com sua lucidez e denúncia, miravam o stultus homo, o tolo do cotidiano, figura central do século XX.
Mas o século XXI inaugurou outro tipo humano dominante: o canalha digital. Ele não apenas ganhou voz — ele ganhou volume.
A internet não apenas o empoderou: deu-lhe plateia, monetização e algoritmos a seu favor.
Este livreto, por puro espanto, tentou quantificá-los.
E, ao fazê-lo, caiu em desgraça — ou em gargalhada.
Descobrimos que são muitos. Milhões. Talvez a maioria.
Conscientes, articulados, financiados e, o mais preocupante, legitimados.
A Parte I trata dessa nova espécie dominante.
Explica:
. por que votam como votam,
. por que a fome interessa,
. por que a guerra dá lucro,
. e por que o mundo parece cada vez mais parecido com um reality show montado por milicianos.
Para o canalha, “estar no mundo” é estar conectado — desde que seja em 4G e com Wi-Fi liberado. Ética? Só se for nas configurações do aplicativo.
As Partes II e III detalham as consequências:
O casamento entre política, comportamento de massa e algoritmos.
O avanço das ilegalidades, o desmonte da decência, o triunfo da esperteza institucionalizada.
Já a Parte IV apresenta uma nova tese — e esta, pasme, com demonstração matemática:
Caso os Estados Unidos cessem suas guerras e devolvam ao mundo o que saquearam nas últimas décadas, empobreceriam a ponto de rivalizar com o Brasil. Ou pior: com o Paraguai.
Aliás, mencionamos o Paraguai não por desdém, mas por realismo: talvez em breve se torne nosso principal parceiro comercial, dada a nova taxação americana.
Afinal, se é para importar, que seja sem taxas malucas, logo ali na fronteira — e não via contêiner controlado por lobbistas e drones.
É piada, sim. Mas piada matemática.
E como se diz por aí: “se não for pra rir, eu nem venho”.
Destacamos o adendo 'O que Diz a Psicologia', dando um tom científico à nossa tese.
Na Parte V pediremos duas coisas:
Um pouco de humor.
Um pouco mais de indignação.
O estilo, passeiará entre o machadiano e o bufão, com pitadas de sarcasmo involuntário (às vezes da própria realidade).
As teses são inéditas, as interligações terríveis. Mas não estamos sós: a IA está aqui, como testemunha e cúmplice.
Aproveitando a versalidade da IA, destacamos aqui o apêndice 'Três pronunciamentos de aquém túmulo e um de além sonho' com textos simulando os estilos de gênios ou heróis de outras épocas e de discurso atual para erradicação da fome.
No decorrer dos capítulos o termo 'idiota' será sinônimo de 'estúpido' ou 'oprimido', enquanto 'canalha' será o mesmo que 'bandido', conforme diziam alguns autores em sua época.
— Boa leitura.