Período Clássico
QUARTETO DISSONANTE - 1º Movimento
Wolfgang Amadeus Mozart
Descrição
O "Quarteto Dissonante" de Mozart é chamado também de Quarteto Hydn nº 6, Quarteto de Cordas nº 19 em Dó maior, Op. K. 465.
Foi concluído em 1785.
O quarteto recebeu esse apelido devido à sua introdução lenta (Adagio) e tensa, que apresenta dissonâncias e harmonias incomuns para a época.
A peça, dedicada a Joseph Haydn, contrasta essa abertura incomum com um primeiro movimento vibrante e cheio de contraponto.
Encontra-se aqui para ilustrar a Forma Sonata do Período Clássico e, com ela toda a obra de Mozart, Haydn, Beethoven e outros.
Após a introdução, o primeiro movimento (Allegro) começa com um tema principal claro, seguido por um desenvolvimento contrapontístico.
Forma Sonata
A forma sonata é uma estrutura musical de três seções principais: exposição, desenvolvimento e recapitulação, freqüentemente precedida por uma introdução e seguida por uma coda.
Essa forma, também conhecida como forma sonata-allegro, foi desenvolvida em meados do século XVIII e se tornou a estrutura principal do primeiro movimento de sonatas, sinfonias e quartetos de cordas, sendo a base para a música instrumental clássica.
Estrutura principal
. Exposição: Apresentação do material temático principal, geralmente com dois temas contrastantes em diferentes tonalidades (do tema principal para o tema secundário).
. Desenvolvimento: Exploração e variação dos temas apresentados na exposição, modulando entre diferentes tonalidades e criando tensão.
. Recapitulação: Retorno dos temas da exposição, mas agora ambos aparecem na tonalidade principal, resolvendo a tensão harmônica e
encerrando o movimento.
Dissonância e Resolução
Na música clássica tonal, a necessidade de resolução da dissonância é um princípio fundamental da harmonia e da estética do período.
A dissonância, que cria uma sensação de tensão ou instabilidade, exige uma progressão para a consonância, que oferece uma sensação
de harmonia e estabilidade.
A dissonância envolve a combinação de notas que soam "conflitantes" ou que têm relações complexas, como intervalos de segunda ou
sétima. O propósito não é ser desagradável, mas sim criar movimento e expectativa no ouvinte.
Movimento
Musical
A tensão gerada
pela dissonância impulsiona a música para frente, em direção a um estado de
repouso ou resolução.
Esse ciclo de tensão (dissonância) e relaxamento (consonância) é essencial para a vitalidade e a narrativa da música clássica.
Estabelecimento
da Tonalidade
A resolução é
crucial para estabelecer e reforçar o centro tonal (a tônica) de uma peça.
Expectativa
e Satisfação
A teoria musical
tonal, baseada na série harmônica, cria expectativas cognitivas no ouvinte.
A resolução da dissonância cumpre essas expectativas, proporcionando uma sensação de satisfação estética.
Tratamento Rígido na Música Clássica
Diferentemente da música do século XX e posterior, que freqüentemente explora a dissonância de forma objetiva ou prolongada sem necessidade de resolução imediata, na música clássica (períodos Barroco, Clássico e Romântico inicial), o tratamento da dissonância era regido por regras estritas. As dissonâncias geralmente precisavam ser preparadas e, em seguida, resolvidas em consonâncias através de uma condução de vozes melódica e suave.
Em resumo, na música clássica, a resolução após a dissonância era um princípio estético e estrutural fundamental, utilizado para criar forma, direcionar o fluxo musical e dar uma sensação de completude à obra.